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BEBIDAS
Em pleno verão, refrigerantes "emergentes" amargam pior resultado em 12 meses; Coca-Cola amplia vendas em R$ 250 milhões
Marcas líderes barram avanço de tubaínas
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Novos dados sobre o mercado
nacional de refrigerantes mostram que as chamadas tubaínas
perderam o fôlego. Em janeiro,
pleno verão, tiveram o pior resultado em participação de mercado
dos últimos 12 meses. A líder Coca-Cola, baqueada pela expansão
das pequenas empresas no passado, ganhou 2,5 pontos percentuais do mercado, em relação a janeiro do ano passado.
Cada ponto equivale a R$ 100
milhões em vendas e 120 milhões
de litros. Os números são de pesquisa da ACNielsen, instituto que
estuda o mercado consumidor.
Foram repassados às empresas e
obtidos pela Folha.
As tubaínas -companhias regionais, que entram no levantamento do mercado como "outras
marcas"- eram responsáveis
por 32,9% das vendas há um ano.
Em janeiro, a taxa caiu para
31,6%. Não é um resultado desprezível. No início de 1999, essas
marcas respondiam por menos
de 20% das vendas. Com a política de preços baixos e por conta da
retração na renda dos consumidores, ganharam espaço: terminaram aquele ano com participação de 27,5% no setor.
O que ocorre agora é que os resultados vêm caindo há quatro
meses consecutivos-os 31,6% de
participação repetem patamares
de venda do ano de 2000. Já as
companhias líderes registram um
aumento na participação no mesmo período.
O Guaraná Antarctica, da AmBev, tem 8,6% do mercado, ou
0,4% acima do verificado há um
ano. Distribuída pela AmBev, a
Pepsi, turbinada pela Pepsi Twist,
ganhou um ponto percentual em
um ano.
Movimentações
Outro termômetro desse mercado é a Coca-Cola Company, dona de várias marcas de refrigerante (como Fanta e Sprite). Ela responde por 50,6% das vendas -a
cada dois consumidores que
compram a bebida, um leva uma
marca da Coca para casa.
A principal bandeira da empresa, a Coca-Cola, estava com 38,6%
de participação em janeiro, ou 2,5
pontos além do verificado em janeiro do ano passado.
As mudanças são frutos de movimentações, em parte, definidas
pelas empresas líderes. Exemplo:
com a concorrência crescente das
tubaínas e com a imagem considerada "envelhecida" perante jovens consumidores de 12 a 20
anos (uma parcela responsável
por mais de 30% do consumo da
bebida no país), a Coca-Cola arregaçou as mangas.
Mudou a cara das campanhas
de mídia em 2003, inventou um
evento musical, ressuscitou embalagens de vidro e revitalizou as
de plástico. Ainda ampliou nos
últimos tempos o leque de preços
sugeridos da bebida às lojas: de R$
0,50 a R$ 2,59.
Parte do mercado perdido pelas
tubaínas ainda migrou, na visão
de analistas da área de consumo,
para as marcas Guaraná Antarctica e Pepsi Twist.
Preços agressivos
Alterações no mercado acontecem num momento em que as
vendas de refrigerantes encolhem, há migração lenta de consumidores para outros segmentos, como sucos e chás, e os custos
das empresas sofrem pressões.
Cerca de 60% do custo de fabricação da bebida tem relação com insumos dolarizados.
"Tivemos queda no volume
produzido em 2002 [3,3%] e não
há fortes expansões no consumo.
Esperamos que 2004 consiga repetir o resultado de 2002", disse
Cláudia Jeunon, diretora da Abir
(Associação Brasileira da Indústria de Refrigerantes e Bebidas
não-alcóolicas). Em 2003, foram
consumidos 11,5 milhões de litros
de refrigerantes no país. Desde
1998, o país não sai desse patamar.
Em momentos de vendas retraídas, mudanças no ranking do setor, com ganhos ou perdas de participação, são mais difíceis de
acontecer.
Uma política de preços agressiva, com promoções fortes no varejo, ajuda a fazer com que grandes marcas ganhem pontos percentuais nesse mercado.
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