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APLICAÇÃO
Captação do investimento, que desde fevereiro era negativa, está positiva
Alta dos juros traz de volta o investidor para os fundos DI
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A alta dos juros voltou a tornar
atrativos os fundos DI. O resultado foi a volta do investidor para
esse tipo de aplicação no mês de
dezembro.
Desde fevereiro, a captação líquida -diferença entre saques e
aplicações- dos fundos DI vinha
sendo negativa. Apenas em dezembro esse quadro se alterou: os
fundos chegaram no dia 24 do
mês com captação positiva de
mais de R$ 1,12 bilhão.
O valor é pequeno se comparado às grandes fugas de recursos
registradas entre junho, julho e
agosto. Nos três meses, os saques
superaram as aplicações em mais
de R$ 35 bilhões.
"Essa aplicação responde imediatamente ao aumento da Selic
[taxa básica de juros], que é sua
referência básica. E o investidor
quer aproveitar qualquer chance
de lucrar um pouco mais", afirma
José Alberto Tovar, sócio-diretor
da Arx Capital Management.
Na sua última reunião realizada
no ano, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) decidiu
aumentar os juros básicos da economia de 22% para 25% ao ano.
Em novembro, os juros já haviam
subido de 21% para 22% anuais.
A rentabilidade dos fundos DI
tem crescido mês a mês. De 1,0%
em junho, a rentabilidade média
desses fundos saltou para 1,7%
em novembro.
Confiança
A marcação a mercado, imposta
pelo governo no fim de maio, fez
cair a confiança dos investidores
nos fundos DI, o que resultou na
sangria de recursos registrada a
partir de junho.
É que, com a mudança, esses
fundos deixaram de ser um porto
seguro, passando a poder registrar rentabilidade negativa se os
valores dos títulos públicos que os
compõem caíssem muito no mercado.
A nova regra obrigou os fundos
a contabilizar seus ativos (basicamente títulos públicos) pelo seu
valor de mercado. Antes, a contabilidade era feita levando em conta o valor com que os papéis eram
comprados nos leilões, corrigidos
por uma taxa de juros.
Quando a marcação a mercado
entrou em vigor, o valor de vários
títulos foi ajustado para baixo, o
que engoliu a rentabilidade esperada por muitos investidores. Alguns fundos chegaram a registrar
perdas de até 4% em apenas um
dia. A rentabilidade média dos
fundos DI em junho foi de apenas
0,4%.
Isso fez os investidores fugirem
dos DI. Um dos beneficiados foi a
poupança, que teve captação recorde de R$ 5,3 bilhões em junho.
"O trauma da marcação a mercado começa a se dissipar. Os investidores têm voltado a olhar
com bons olhos os fundos DI",
diz Tovar.
Mesmo com todo o imbróglio
dos fundos DI neste ano, quem
apostou nesse tipo de aplicação
vai encerrar 2002 com uma rentabilidade média em torno de 17%,
resultado bem superior aos pouco
mais de 9% que a caderneta de
poupança rendeu no período.
"Mas, da mesma forma que a alta dos juros tem atraído os investidores, se as taxas começarem a
cair os recursos podem começar a
sumir de novo."
No mercado, há a expectativa
que o próximo governo corte os
juros assim que a alta dos preços
perca força. Com uma taxa básica
de juros menor, a rentabilidade
dos fundos DI encolhe.
Na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), os contratos de
juros apontam a expectativa de
queda nas taxas a partir do segundo trimestre de 2003.
Rombo
Os fundos de investimentos encerram este ano com um rombo
em torno de R$ 60 bilhões. Os
mais prejudicados foram os fundos de renda fixa e os DI, que representam mais de 60% do mercado total.
A onda de saques que atingiu os
fundos DI fez seu patrimônio líquido despencar de R$ 171 bilhões
em janeiro para R$ 148 bilhões em
dezembro.
Os últimos meses foram marcados por uma nova preocupação
para os investidores: a alta da inflação. Somada à cobrança do Imposto de Renda, a crescente inflação tem engolido boa parte dos
ganhos reais dos investidores.
No caso dos fundos DI, a rentabilidade real (descontada a inflação) acumulada até o fim de novembro era de apenas 2,2%, a menor desde 1997.
Apenas para os fundos atrelados ao IGP-M (Índice Geral de
Preços do Mercado) a alta dos
preços foi uma notícia bem vinda.
Esses fundos, que viraram coqueluche a partir de agosto, começam
a perder fôlego.
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