São Paulo, domingo, 05 de janeiro de 2003

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15 TÁTICAS DE QUALIDADE DE VIDA

Receitas harmonizam trabalho com prazer

FREE-LANCE PARA A FOLHA

O ditado que diz "se trabalhar fosse bom, a gente pagava e não recebia" nunca soou tão antiquado. A principal receita de executivos, profissionais famosos e especialistas em saúde e recursos humanos para uma melhor qualidade de vida é dedicar-se a uma atividade de que se goste muito.
"É preciso ter prazer no serviço que você faz, ter amor pelos projetos, pelas pessoas que o cercam", afirma Vitor Foroni, 54, presidente da Método Engenharia.
Foroni e outros 14 profissionais de destaque foram ouvidos pela Folha sobre como mantêm a qualidade de vida no trabalho (confira nesta e nas próximas páginas).
Além da premissa básica de "fazer o que se gosta", os depoimentos apontam soluções criativas e acessíveis para evitar que o trabalho sobrecarregue a vida pessoal.
O carnavalesco Joãosinho Trinta, 69, não abre mão da sesta diária no barracão da escola de samba. O empresário Aleksandar Mandic, 48, reproduziu no escritório ambientes de uma casa, incluindo chuveiro e guarda-roupa.
Waldir Bortholuzzi, 55, diretor da Roche, cuida do bosque da empresa. E o ator Tarcísio Meira, 67, programa retiros regulares ao final de temporadas exaustivas.

Bons relacionamentos
As pessoas em geral passam mais tempo no trabalho do que em casa. Por isso um dos pontos de partida para a qualidade de vida é ter bons relacionamentos.
"Quando vamos contratar um novo profissional, fazemos entrevistas com toda a equipe. Se o pessoal não vai com a cara dele, como poderá fazer um bom trabalho junto?", questiona Mandic.
Para a consultora de recursos humanos Maria Célia de Moraes Bourroul, 44, as empresas também têm como contribuir com o bom relacionamento dos funcionários. "É preciso criar oportunidades de relações interpessoais, como salas de convivência", diz.
Às vezes, é preciso lançar mão de campanhas que ultrapassam as quatro paredes do escritório. Há um ano e meio, a executiva Cristina Nogueira criou um grupo de funcionários da Microsoft, empresa em que trabalha, que corre todas as manhãs. Cerca de 150 dos 300 profissionais participam. Para incentivá-los, a companhia investe em uma equipe especializada que acompanha os treinos.
Os benefícios não são apenas físicos. Segundo Bourroul, a atividade esportiva em conjunto "estimula o conceito de time, proporciona desafios em grupo e auxilia na distribuição de papéis".
A professora Ana Cristina França Limongi, 50, do departamento de administração da USP e co-autora do livro "Stress e Trabalho" (ed. Atlas), reconhece os benefícios da prática esportiva. Porém alerta para o respeito à individualidade. "Tem de ser bom para quem gosta, senão vira martírio."

Mudança de hábitos
Para adotar medidas que melhorem o cotidiano, é preciso identificar fatores estressores. "Não é fácil mudar hábitos em nossas vidas", diz Limongi.
Os mais comuns estão relacionados à vida urbana. Trânsito, excesso de compromissos e atrasos estão entre eles. "Numa reunião em que parte dos membros atrasa, os que chegaram no horário acabam desgastados por aguardar", exemplifica Rosa Alba Bernhoeft, da Alba Consultoria.
Estar atento ao corpo é outra premissa. "É preciso se proteger, perceber os limites", ensina Cecília Cibella Shibuya, presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida. "O corpo de quem trabalha 16 horas por dia fica sem energia", completa Bernhoeft.
(JULIANA NOGUEIRA)


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