São Paulo, domingo, 06 de outubro de 2002

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Carreira não deve ficar em segundo plano

FREE-LANCE PARA A FOLHA

O profissional que está insatisfeito com a forma como conduz sua vida particular deve ter cuidado ao tentar equilibrar as coisas. Diminuir o tempo de trabalho não pode significar perda de produtividade ou descaso com as responsabilidades profissionais, alertam especialistas.
Se a melhoria da qualidade do relacionamento com a família implica desinteresse no trabalho, as consequências podem ser igualmente ruins: da perda de benefícios até a demissão.
Especialmente em cenários de instabilidade econômica, as demandas das companhias para atingir metas tornam-se maiores.
"Não conheço nenhum executivo que trabalhe com hora para entrar e para sair do escritório, que fique na empresa das 9h às 17h. Quem faz isso não se destaca. Em momentos recessivos como o atual, as empresas ficam menos suscetíveis a questões familiares", afirma Denys Monteiro, vice-presidente executivo da Fesa, empresa de recrutamento de executivos.

Fora de moda
Contudo, se o profissional conseguir manter em alta a sua produtividade, é pouco provável que seja repreendido por passar menos tempo no escritório.
"O workaholic [indivíduo que trabalha compulsivamente] já saiu de moda. Anteriormente, o executivo era avaliado por horas de trabalho; hoje, é por resultados obtidos", diz Paulo Kretly, consultor da FranklinCovey Brasil.
Segundo ele, as empresas confiam mais em profissionais que têm a vida profissional contrabalançada com a familiar. "Pessoas com esse equilíbrio conseguem tomar mais decisões acertadas do que quem tem uma venda nos olhos para as outras coisas da vida [além do trabalho"."

Mínimo
Trabalhando em média 11 horas por dia, o sócio-diretor da Consulters Services and Softwares, Gilson Bosso, afirma que só conseguiria aumentar sua qualidade de vida se restringisse o escopo da empresa e, com isso, abrisse mão de alguns clientes.
Ele chegou a pensar em mudar de carreira alguns anos atrás. "Não consegui porque gosto muito de informática, está no meu sangue, embora seja trabalhoso."
Bosso chegou a perder várias festas de aniversário das filhas porque tinha de passar a noite prestando suporte para companhias com problemas na rede de computadores. Hoje estabeleceu regras para conseguir mais qualidade de vida: mudou-se para perto do escritório, para perder menos tempo no trânsito, e almoça em casa quase todo dia.



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