São Paulo, domingo, 05 de janeiro de 2003

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Ricardo Teixeira pedirá a técnico tetracampeão que deixe o Corinthians agora para que eventual crise no clube não respingue no time nacional

CBF vai convidar Parreira para coordenar as seleções

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

Carlos Alberto Parreira, 59, foi escolhido pela Confederação Brasileira de Futebol para ocupar o cargo de coordenador de seleções.
O convite ao técnico corintiano será feito nesta semana, assim que o presidente da entidade, Ricardo Teixeira, voltar do Uruguai, onde está sendo disputado o Sul-Americano sub-20.
Segundo a Folha apurou, o presidente da CBF pedirá a Parreira que saia do Corinthians imediatamente, o que deixaria o time mais popular do Estado sem técnico às vésperas da Taça Libertadores.
Para justificar o pedido de exclusividade, o dirigente utilizará o exemplo de Luxemburgo, que dividiu a seleção e o mesmo Corinthians em 1998. Seus argumentos: se o time paulista viver uma crise, ela respingará na seleção; se muitos corintianos começarem a ser convocados, haverá acusação de privilégio pelo fato de Parreira estar ligado ao Parque São Jorge.
Ter o tetracampeão de volta à comissão técnica da seleção é um sonho antigo do cartola. Desde a saída de Wanderley Luxemburgo, após a Olimpíada de Sydney, em setembro de 2000, Teixeira faz sondagens ao técnico corintiano.
Em duas oportunidades, ouviu um não do treinador que levou o Brasil ao tetracampeonato mundial: na sucessão do próprio Luxemburgo e, durante as eliminatórias para a Copa-02, após a demissão de Emerson Leão.
Para não ouvir uma terceira negativa, Teixeira resolveu reativar o cargo de coordenador, função que Parreira reiteradas vezes afirmou que aceitaria.
Ao contrário do que aconteceu quando Antônio Lopes ocupou o cargo, a idéia de Teixeira é dar ao coordenador posição hierárquica superior até à do técnico.
A intenção de Teixeira é ter Parreira não só como seu representante na comissão técnica, mas que tenha poder de decisão na escolha de convocados e adversários da seleção. Na verdade, o cartola quer o corintiano como um "segundo técnico".
A vantagem para Parreira seria não ter que encarar a pressão da torcida e da imprensa, exatamente suas justificativas para não voltar à CBF, de onde saiu após a Copa dos Estados Unidos, em 1994.
Uma de suas funções será escolher o sucessor de Luiz Felipe Scolari. Teixeira pretende anunciar o nome do novo treinador até sexta, para depois tirar férias.
A nova comissão técnica fará sua estréia no dia 12 de fevereiro, na China, contra a seleção asiática. No fim de março, volta a campo para enfrentar a seleção portuguesa, de Scolari.
Aceitando o convite, Parreira também terá como subordinado o técnico da seleção olímpica, Ricardo Gomes. Além do corintiano, o presidente da CBF contará com duas pessoas que considera fundamentais na conquista de seu primeiro Mundial à frente da entidade: Zagallo e Américo Faria.
O técnico será efetivado neste mês como assessor especial da presidência da CBF. Terá como missão acompanhar Teixeira em eventos no exterior e contribuir com a comissão técnica quando for requisitado. Já o supervisor, encarado pelo dirigente como peça-chave para a conquista do penta, continuará exercendo funções administrativas, mas ganhará status e poderá participar de decisões da comissão técnica.
Para justificar a decisão de escolher primeiro o coordenador para só depois anunciar o técnico, Teixeira tem argumentado que não pode repetir o que considera seu principal erro na Copa do Mundo de 1998, quando colocou Zico como coordenador sem que ele tivesse afinidade com o treinador, na época Zagallo.
Procurada, a CBF não quis se manifestar sobre o assunto. Disse apenas que a nova comissão técnica sairá oficialmente até sexta. Parreira não foi localizado.


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