São Paulo, domingo, 05 de janeiro de 2003

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BEISEBOL

Com ajuda da Lei Piva, confederação aprimora CT, fecha o 2º maior negócio de sua história e invade Japão e EUA

Exportação faz Brasil descobrir o bastão

CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de se consagrar como país exportador no futebol e no vôlei, o Brasil vê agora no beisebol a chance de enviar mão-de-obra para outros cantos do mundo.
Nas próximas semanas, quando Japão e EUA iniciarem a pré-temporada de beisebol, nada menos do que 19 brasileiros estarão lutando para mostrar suas qualidades em duas das principais potências do esporte no mundo.
O contingente de atletas de beisebol no Japão (16), incrementado neste mês, quando a CBBS (Confederação Brasileira de Beisebol e Sofbol) fechou a venda de dois atletas para o Yakult Swal-lows, só perde para o do futebol -o país asiático recebeu 45 futebolistas, segundo o último levantamento divulgado pela CBF.
Após registrar número recorde de atletas fora do país no ano em que o esporte esteve sob a ameaça de ficar fora da Olimpíada -a decisão sairá depois dos Jogos de Atenas-2004- e realizar o segundo maior negócio de sua história com a ida de Noberto Rocha e Vitor Katayama para o Yakult -cada um dos atletas foi vendido por US$ 300 mil, ficando atrás apenas de José Augusto Pet, negociado por US$ 700 mil-, a CBBS credita o sucesso à verba da Lei Piva e ao trabalho de base.
"Em 2002, recebemos R$ 600 mil, que permitiram a organização de torneios e o custeio de viagens internacionais, que serviram de vitrine para os brasileiros. Em 2003, será ainda melhor", diz Jorge Otsuka, 55, que preside a CBBS desde a sua fundação, há 12 anos.
Se teve dinheiro como nunca e jamais registrou tantos atletas pelo mundo como em 2002, o beisebol ainda encontra no Brasil pelo menos três trunfos para 2003.
O principal deles é o complexo esportivo de Ibiúna (64 km a oeste de São Paulo), criado há pouco mais de três anos. Segundo Otsuka, o local será a base para a formação das seleções nacionais e o cartão de visita para "olheiros".
"Mantemos em regime semi-interno, com todo o suporte e treinadores, 35 atletas, que estarão à disposição da seleção e do mercado internacional em breve", diz.
Além de promover o projeto "Beisebol Solidário" -diariamente são realizados jogos com crianças carentes de Ibiúna e de Vargem Grande, que recebem uniformes, material de treino e alimentação- e de formar atletas (casos de Rocha e Katayama), o complexo abriga as outras forças do esporte no país: a seleção e os técnicos estrangeiros (contratados em um convênio com Cuba).
A seleção, que em 2002 participou de Copa Intercontinental, em Cuba, como uma das 12 melhores do mundo -o país ocupou a vaga dos EUA, que se recusaram a jogar no Caribe-, obteve vitórias expressivas: bateu pela primeira vez o México e a Nicarágua.
Os números comprovam o crescimento do esporte. Em 1996/ 1997, havia cerca de cerca cem times e de 3.000 atletas no Brasil. Agora, existem 120 equipes e 5.000 jogadores.
De acordo com Alexandre Nita, secretário-geral da CBBS, o crescimento é significativo entre os não-descendentes de japoneses, que, em 1990, correspondiam a 8% dos jogadores de beisebol do país e, agora, representam 30%.


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