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FUTEBOL
Lembra do Chievo?
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
O tempo passa. Chievo passa.
Na temporada passada,
um começo surpreendente de um
time pouco conhecido causou certo barulho na Europa e também
no Brasil, terra de Luciano Siqueira (lembra do Eriberto?).
Agora dê uma olhada nas tabelas dos principais campeonatos
europeus que estão rolando. Inter, Valencia (Real Madrid tem
um jogo a menos), Arsenal, Bayern de Munique, Porto, PSV...
O Chievo, que vinha ocupando
uma discreta 11ª colocação no
Campeonato Italiano, fez seu batismo europeu nos últimos dias.
Animado com um empate sem
gols com o Estrela Vermelha na
Iugoslávia, recebeu o campeão
europeu de 91 em Verona e apanhou de 2 a 0. Final melancólico
para quem prometia muito (o fim
de Luciano ainda é incerto, mas
ele também prometia muito).
Os grandes estão fazendo valer
sua tradição e sua força econômica. Isso dentro de campo e fora
dele, como ficou claro na imposição recente da Uefa (para jogar
na Europa será preciso comprovar ter boa saúde financeira, bom
estádio, investir em categoria de
base, não ter problema na Justiça,
não mais uma série de coisas).
Algumas equipes de expressão
mediana ou mesmo sem expressão vinham (e vêm) ganhando
mais espaço em torneios nacionais na Europa, mas isso bastante
pelo fato de os mais poderosos darem prioridade maior, com razão, às competições continentais.
Porém os elencos dos membros
do G-14 não deixam muita margem para equilíbrio. Em média,
cada gigante do futebol europeu
tem 30 jogadores no time principal. Nesses grupos, figuram atletas de mais de, aproximadamente, dez nacionalidades diferentes.
A crise econômica por que passa
o futebol atingiu também os mais
ricos, mas, é claro, não esqueceu
os mais pobres ou os menos favorecidos. O Kaiserslautern, que cavou até um belo ninho no futebol
alemão nos anos 90, é o último colocado do campeonato de seu país
e, pior que isso, está com a corda
no pescoço -pode fechar as portas por questões financeiras (lembra do Racing, da Fiorentina?).
O processo de elitização do futebol é visível. O Italiano, como todo mundo sabe, começou só porque os grandes (mesmo mal das
pernas) deram as mãos (com grana) a um grupo de pequenos (o
Chievo estava no grupo, lembra?).
Não só o badalado Real Madrid, mas também Manchester
United, Milan, Barcelona, Arsenal e Inter, entre alguns poucos
outros, estão concentrando as
grandes estrelas do planeta de
forma nunca vista antes. O G-14
existe mesmo na prática (no Brasil, o poderio do Clube dos 13 está
tão no papel quanto os grandes times de São Paulo e Palmeiras ou
o saldo bancário do Botafogo).
A tendência é que cada vez
mais na TV apareçam sempre os
mesmos times, sempre os mesmos
jogadores. E que o resultado final
seja sempre o mesmo. Hoje, com
destaque na televisão, deve acontecer a estréia de Ronaldo no Real
Madrid, maior exemplo atual do
que descreve esta coluna (como o
Genk, ou o Chievo, poderia encarar o poderoso time espanhol?).
Nada contra as superligas ou os
supertimes. Pelo contrário, é bacana ver a nata da modalidade
reunida, como acontece na NBA
ou na F-1, mas, como no campeonato norte-americano de basquete ou na principal categoria do
automobilismo, a chance de surpresa é pequena. E o torcedor pode ficar entediado. Vai Chievo!
ESPN
Será lançado no ano que vem um novo canal da ESPN, voltado especialmente para o público latino. O nome é ESPN Deportes.
Wembley
Nenhum time ou jogador é mais caro que ele. Tomando como base
que uma libra esterlina vale US$ 1,6, a remodelação total do lendário estádio inglês custará US$ 1,211 bilhão. Isso é mais do que os direitos da Copa (US$ 1,2 bilhão) e mais do que o magnata Rupert
Murdoch ofereceu pelo Manchester United (US$ 1,03 bilhão).
Eurocopa
A conta está pesada para Portugal. O torneio pode custar 5 bilhões (na conta, hospital, aeroportos, linhas de trem, estradas...).
Copa dos Campeões
Foi dada a largada na versão feminina do torneio (sem Milene).
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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