São Paulo, domingo, 06 de outubro de 2002

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FUTEBOL

Lembra do Chievo?

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O tempo passa. Chievo passa.
Na temporada passada, um começo surpreendente de um time pouco conhecido causou certo barulho na Europa e também no Brasil, terra de Luciano Siqueira (lembra do Eriberto?).
Agora dê uma olhada nas tabelas dos principais campeonatos europeus que estão rolando. Inter, Valencia (Real Madrid tem um jogo a menos), Arsenal, Bayern de Munique, Porto, PSV...
O Chievo, que vinha ocupando uma discreta 11ª colocação no Campeonato Italiano, fez seu batismo europeu nos últimos dias. Animado com um empate sem gols com o Estrela Vermelha na Iugoslávia, recebeu o campeão europeu de 91 em Verona e apanhou de 2 a 0. Final melancólico para quem prometia muito (o fim de Luciano ainda é incerto, mas ele também prometia muito).
Os grandes estão fazendo valer sua tradição e sua força econômica. Isso dentro de campo e fora dele, como ficou claro na imposição recente da Uefa (para jogar na Europa será preciso comprovar ter boa saúde financeira, bom estádio, investir em categoria de base, não ter problema na Justiça, não mais uma série de coisas).
Algumas equipes de expressão mediana ou mesmo sem expressão vinham (e vêm) ganhando mais espaço em torneios nacionais na Europa, mas isso bastante pelo fato de os mais poderosos darem prioridade maior, com razão, às competições continentais.
Porém os elencos dos membros do G-14 não deixam muita margem para equilíbrio. Em média, cada gigante do futebol europeu tem 30 jogadores no time principal. Nesses grupos, figuram atletas de mais de, aproximadamente, dez nacionalidades diferentes.
A crise econômica por que passa o futebol atingiu também os mais ricos, mas, é claro, não esqueceu os mais pobres ou os menos favorecidos. O Kaiserslautern, que cavou até um belo ninho no futebol alemão nos anos 90, é o último colocado do campeonato de seu país e, pior que isso, está com a corda no pescoço -pode fechar as portas por questões financeiras (lembra do Racing, da Fiorentina?).
O processo de elitização do futebol é visível. O Italiano, como todo mundo sabe, começou só porque os grandes (mesmo mal das pernas) deram as mãos (com grana) a um grupo de pequenos (o Chievo estava no grupo, lembra?).
Não só o badalado Real Madrid, mas também Manchester United, Milan, Barcelona, Arsenal e Inter, entre alguns poucos outros, estão concentrando as grandes estrelas do planeta de forma nunca vista antes. O G-14 existe mesmo na prática (no Brasil, o poderio do Clube dos 13 está tão no papel quanto os grandes times de São Paulo e Palmeiras ou o saldo bancário do Botafogo).
A tendência é que cada vez mais na TV apareçam sempre os mesmos times, sempre os mesmos jogadores. E que o resultado final seja sempre o mesmo. Hoje, com destaque na televisão, deve acontecer a estréia de Ronaldo no Real Madrid, maior exemplo atual do que descreve esta coluna (como o Genk, ou o Chievo, poderia encarar o poderoso time espanhol?).
Nada contra as superligas ou os supertimes. Pelo contrário, é bacana ver a nata da modalidade reunida, como acontece na NBA ou na F-1, mas, como no campeonato norte-americano de basquete ou na principal categoria do automobilismo, a chance de surpresa é pequena. E o torcedor pode ficar entediado. Vai Chievo!

ESPN
Será lançado no ano que vem um novo canal da ESPN, voltado especialmente para o público latino. O nome é ESPN Deportes.

Wembley
Nenhum time ou jogador é mais caro que ele. Tomando como base que uma libra esterlina vale US$ 1,6, a remodelação total do lendário estádio inglês custará US$ 1,211 bilhão. Isso é mais do que os direitos da Copa (US$ 1,2 bilhão) e mais do que o magnata Rupert Murdoch ofereceu pelo Manchester United (US$ 1,03 bilhão).

Eurocopa
A conta está pesada para Portugal. O torneio pode custar 5 bilhões (na conta, hospital, aeroportos, linhas de trem, estradas...).

Copa dos Campeões
Foi dada a largada na versão feminina do torneio (sem Milene).
E-mail rbueno@folhasp.com.br



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