São Paulo, domingo, 24 de junho de 2007

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Público é excluído e chia com a seleção

DO ENVIADO A PUERTO LA CRUZ

A seleção brasileira está separada do público local na Venezuela durante os treinamentos, o que gera protestos de torcedores e fanáticos pelo time.
Anteontem, pelo menos 20 pessoas se amontoaram em grades para tentar ver o treinamento da equipe no complexo esportivo ao lado do estádio José Antonio Anzoátegui. A revolta tomou conta das pessoas que bradaram contra a CBF e até contra o técnico Dunga.
"Nos avisaram que a seleção brasileira não quer torcedores por perto, que por isso não podemos ficar nas tribunas. Os militares nos contaram que o Dunga não quer gente por perto", afirmou, revoltada, Alba Montejo, 39, torcedora que trajava chapéu alusivo à Copa América deste ano.
Ela estava acompanhada na grade por várias crianças desesperadas para ver seus ídolos de perto. "Robinho, Robinho", gritavam Angela e Isabela, ambas de dez anos. "Gostamos mais do Kaká, mas, dos jogadores que vieram, queríamos ver mais o Robinho", falou Angela.
Por meio de seu assessor de imprensa, Rodrigo Paiva, a CBF negou ter decidido deixar os torcedores de fora. "Não sabemos por que algumas estão próximas ao campo e outras estão do lado de fora. Isso é do pessoal da Venezuela", falou.
Paiva lembrou das críticas recebidas pela seleção por causa da proximidade do público nos treinos da seleção para a Copa do ano passado. "Criticaram muito na Suíça quando a torcida se aproximou do time".
A informação de que a CBF teria vetado a presença de torcedores comuns nas tribunas bateu com declarações de Carolina De Las Salas, coordenadora de logística de comunicações do Comitê Organizador.
"Pelo que sabemos, a decisão de não permitir público partiu do Brasil. Teriam pediram pela privacidade. Mas isso mudaria sábado [ontem]. Se não se importam com o público, as pessoas entrariam", falou ela.
Mas o público, o grande público, não entrou mais uma vez. O treinamento de ontem, assim como de anteontem, foi visto de mais perto por algumas poucas pessoas, como autoridades.
Em campo, Dunga comandou ontem e anteontem treinos com jogadas de bola parada. Diego e Elano cobravam falta, em jogadas que muitos técnicos preferem fazer em treinos secretos, às escondidas.
Um fotógrafo que subiu nas tribunas para registrar imagens foi sacado do local pelos militares. O profissional reclamou aos gritos da hostilidade da segurança, reforçada bem mais em relação ao primeiro treino.
Há barreiras na rua que dá acesso ao campo de treino para evitar o acesso de carros, em especial, ao local, que é recheado de favelas. (RODRIGO BUENO)


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