|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Público é excluído e chia com a seleção
DO ENVIADO A PUERTO LA CRUZ
A seleção brasileira está separada do público local na Venezuela durante os treinamentos, o que gera protestos de torcedores e fanáticos pelo time.
Anteontem, pelo menos 20
pessoas se amontoaram em
grades para tentar ver o treinamento da equipe no complexo
esportivo ao lado do estádio José Antonio Anzoátegui. A revolta tomou conta das pessoas que
bradaram contra a CBF e até
contra o técnico Dunga.
"Nos avisaram que a seleção
brasileira não quer torcedores
por perto, que por isso não podemos ficar nas tribunas. Os
militares nos contaram que o
Dunga não quer gente por perto", afirmou, revoltada, Alba
Montejo, 39, torcedora que trajava chapéu alusivo à Copa
América deste ano.
Ela estava acompanhada na
grade por várias crianças desesperadas para ver seus ídolos de
perto. "Robinho, Robinho", gritavam Angela e Isabela, ambas
de dez anos. "Gostamos mais
do Kaká, mas, dos jogadores
que vieram, queríamos ver
mais o Robinho", falou Angela.
Por meio de seu assessor de
imprensa, Rodrigo Paiva, a
CBF negou ter decidido deixar
os torcedores de fora. "Não sabemos por que algumas estão
próximas ao campo e outras estão do lado de fora. Isso é do
pessoal da Venezuela", falou.
Paiva lembrou das críticas
recebidas pela seleção por causa da proximidade do público
nos treinos da seleção para a
Copa do ano passado. "Criticaram muito na Suíça quando a
torcida se aproximou do time".
A informação de que a CBF
teria vetado a presença de torcedores comuns nas tribunas
bateu com declarações de Carolina De Las Salas, coordenadora de logística de comunicações do Comitê Organizador.
"Pelo que sabemos, a decisão
de não permitir público partiu
do Brasil. Teriam pediram pela
privacidade. Mas isso mudaria
sábado [ontem]. Se não se importam com o público, as pessoas entrariam", falou ela.
Mas o público, o grande público, não entrou mais uma vez.
O treinamento de ontem, assim
como de anteontem, foi visto
de mais perto por algumas poucas pessoas, como autoridades.
Em campo, Dunga comandou ontem e anteontem treinos com jogadas de bola parada. Diego e Elano cobravam falta, em jogadas que muitos técnicos preferem fazer em treinos secretos, às escondidas.
Um fotógrafo que subiu nas
tribunas para registrar imagens
foi sacado do local pelos militares. O profissional reclamou
aos gritos da hostilidade da segurança, reforçada bem mais
em relação ao primeiro treino.
Há barreiras na rua que dá
acesso ao campo de treino para
evitar o acesso de carros, em especial, ao local, que é recheado
de favelas.
(RODRIGO BUENO)
Texto Anterior: Estádio só fica pronto após a competição Próximo Texto: Em ação: Rival faz final da Copa Ouro hoje Índice
|