EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

No ano 2000 eles conquistaram um título da Copa da Uefa, outro da Supercopa dos Campeões da Europa, chegaram às quartas-de-final da Eurocopa e à segunda fase da Copa dos Campeões. De quebra, ainda têm o maior artilheiro do continente, o brasileiro Jardel.
À primeira vista, o retrospecto mencionado acima lembra os países de ponta do futebol europeu, como Itália, Espanha ou França.
Nada disso. O país em questão é a Turquia, a "zebra" do ano.
Sem tradição no esporte mais popular do planeta -a Turquia participou apenas uma vez da Copa do Mundo, em 1954-, os turcos surpreenderam em 2000 e começam a chamar a atenção.
Na verdade, o "nascimento" turco para o futebol começou em 1996, quando a seleção se classificou pela primeira vez para a fase final da Eurocopa.
Desde então, o país vem colhendo bons resultados, não só com a seleção, mas também com os clubes. Um exemplo é o Galatasaray, time popular da Turquia.
A equipe dos brasileiros Taffarel, Capone, Mixirica e Jardel venceu neste ano a Copa da Uefa ao bater o Arsenal (ING) nos pênaltis. Foi o primeiro título europeu de um time turco na história.
Recentemente, a equipe bateu o Real Madrid -atual campeão europeu- por 2 a 1 arrematando a Supercopa dos Campeões.
Outro feito inédito do clube foi avançar à segunda fase da Copa dos Campeões. Para ter uma idéia do que isso representa, o Barcelona e a Juventus foram eliminados na primeira fase do torneio.
Neste ano, a seleção turca também foi mais longe na Eurocopa. Liderada pelo atacante Hakan Sukur, ficou entre as oito melhores seleções do continente.
As boas atuações pela seleção e pelo Galatasaray ainda renderam a Sukur, maior jogador da história do futebol turco, um contrato milionário com a Inter de Milão. Seu passe foi vendido por cerca de US$ 20 milhões -o maior valor pago por um jogador turco.
A combinação que resultou no sucesso dos turcos mistura investimentos em atletas e técnicos estrangeiros, estrutura e formação de jogadores, uma alta dose de paixão e fanatismo, além, é claro, de uma maior influência política nas principais entidades que regem o futebol mundial.
"Eles começaram a investir muito no futebol de uns dez anos para cá, contratando jogadores e técnicos estrangeiros", explicou o técnico campeão do Mundo Carlos Alberto Parreira, que dirigiu o Fenerbhace, um dos três maiores times da Turquia, entre 95 e 96.
Segundo Parreira, para se tornar mais competitivo, falta ao futebol turco apenas evoluir no trabalho de formação de jogadores. "Os jogadores turcos são técnicos, ágeis, mas precisam melhorar os fundamentos básicos", disse.
Justamente para alcançar a excelência, os dirigentes turcos estão investindo em mão-de-obra estrangeira. Os times do país podem colocar em campo até cinco jogadores "forasteiros".
O atacante Jardel, a maior estrela do Galatasaray, que recebe cerca de US$ 3 milhões por ano em salários, puxa a legião de estrangeiros que atuam hoje no país. Formada principalmente por brasileiros, romenos -como Popescu e Hagi- e búlgaros.
Diferentemente do que ocorre na maioria dos países europeus, o futebol turco não depende do dinheiro de patrocinadores nem das emissoras de TV.
As equipes do país sobrevivem por causa de seus donos, geralmente empresários e políticos milionários, que injetam dinheiro do próprio bolso nos clubes. "Os presidentes de clubes na Turquia têm status de ministro de Estado", afirmou Parreira.
A organização também explica o momento atual do futebol no país, onde há, pelo menos, dez estádios modernos.
"Temos ótimos estádios aqui. Eles também investiram nessa parte estrutural", afirmou o goleiro Taffarel, que está na Turquia desde o ano passado.
O calendário também é respeitado. Uma emissora de TV adquiriu o direito de transmissão das partidas do Campeonato Turco, que são realizadas às sextas, sábados e domingos, sempre à noite.


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