São Paulo, domingo, 26 de novembro de 2000

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FUTEBOL

O Mundial interclubes está vivo

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Diferentemente do que muitos imaginavam, o Mundial interclubes continua vivo. E, com um Real Madrid e Boca Juniors, muito vivo.
Há um ano, quando a Fifa anunciou a criação do seu Mundial de Clubes, pintaram a decisão entre Manchester United e Palmeiras como o jogo derradeiro no Japão. Foi pura precipitação.
Primeiro porque o Mundial da Fifa começou como uma grande incógnita (e continua assim). Segundo porque os japoneses, sede da próxima Copa, incorporaram, depois de vários anos, o Mundial interclubes em seu calendário.
A tradicional disputa continua no Japão, mesmo o duelo impedindo, pelo seu perfil, a participação de times japoneses.
O Jubilo Iwata vai atuar no Mundial de Clubes da Fifa de 2001, mas ninguém sabe ainda como será a repercussão dessa participação no Japão (provavelmente serão menos fotógrafos japoneses no torneio da Fifa do que no grande duelo entre Real e Boca). O Mundial interclubes, mesmo minimizado em alguns países da Europa e restrito a dois continentes, é transmitido para quase todo o planeta. A transcendência da disputa reflete a condição de seus participantes, os vencedores dos dois interclubes mais importantes e difíceis do mundo.
Na Argentina e na Espanha, o jogo é colocado em um plano divino. Não é à toa que os jogadores do Real encaram a final do Mundial (pode ser o terceiro título do Real, o que lhe deixaria como o maior vencedor da disputa, junto com Milan, Peñarol e Nacional) como uma Copa.
Em Buenos Aires, a fanática torcida do Boca Juniors esgotou rapidamente a sua cota de ingressos e trata a partida como a principal página da rica história do clube (ainda não especulam sobre a participação do Boca no Mundial de Clubes da Fifa de 2001).
O confronto entre Real Madrid e Boca suplanta, em muito, os mais de 40 milhões de torcedores diretamente envolvidos na disputa (os dois times contabilizam, por baixo, mais de 20 milhões de seguidores em todo o mundo).
Embora no Brasil a cobertura da disputa deva ser pequena, já que não há representante nacional, o mundo deve estar mais atento do que nunca ao estádio Nacional de Tóquio.
Mais que dois grandes times, irão se enfrentar equipes que valorizam os confrontos internacionais. Real e Boca são patrimônios de seus países e continentes.
O time argentino busca romper a série de cinco vitórias da Europa no Mundial interclubes.
O confronto poderá até se repetir, em agosto, no Mundial da Fifa, quando os dois times tentarão título inédito, mas nada diminui o jogo deste ano. Pelo contrário, fica difícil imaginar o fim do Mundial interclubes.
A disputa pode até deixar o Japão após 2002, quando o país vai receber a Copa, mas as opções são muitas. Desde os EUA, novo mercado para o futebol, até jogos na Europa e na América do Sul.
No ano em que criou seu Mundial de Clubes, a Fifa conhecerá um novo campeão interclubes. Seu respeito pelo título é tanto que o Manchester United, campeão em 1999, pode até jogar no Mundial de 2001, como o Real jogou em 2000.

Melhor do mundo
A chance de termos um bicampeão na eleição de melhor jogador é grande. Rivaldo e Zidane, mesmo longe de seus melhores momentos, podem igualar Ronaldo, duas vezes eleito. Figo pode até ser campeão mundial com o Real Madrid, mas não adiantará, pois os votos dos técnicos já foram computados.

Politicagem
O último encontro da cúpula da Fifa no ano, que começa no dia 8, tem vários assuntos em pauta: ingressos da Copa; Mundial de Clubes; e transferência de jogadores. As CPIs no futebol brasileiro devem ser discutidas nos corredores.

Futsal
A goleada de 29 a 2 do Brasil sobre a Guatemala no Mundial é motivo de festa e tristeza para os brasileiros. Devido a placares como esse, o esporte ainda não é olímpico.


E-mail rbueno@folhasp.com.br
www.uol.com.br/folha/pensata



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