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São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2003

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FILMES

TV PAGA

"Bicho" serve ao público em busca de gurus

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Existem basicamente duas categorias de filmes, os demonstrativos e os mostrativos. Os primeiros acreditam que a força de sua convicção equivale à verdade e buscam convencer o espectador disso. Dessa categoria faz parte "Bicho de Sete Cabeças".
Nesse filme de Laís Bodanzky, a ignorância e os preconceitos de um pai levam-no a internar o filho que fumava maconha num manicômio. Com isso, o que era um pequeno problema torna-se grande. Não há como discordar da premissa. Mas, ao mesmo tempo, ela é um tanto óbvia para ser levada a sério.
Isso tem sua contrapartida: justamente pelo que tem de pueril e engajado, o filme interessou a uma legião de adolescentes que sofrem nas mãos dos pais (ou pensam que sofrem, dá no mesmo), julgam-se oprimidos etc.
Marketing à parte, pode-se sempre perguntar qual a vantagem do cinema demonstrativo. A maior parte dos espectadores parece que vive em busca de um guru, de alguém que lhe indique o caminho. Para esses, "Bicho" cai como uma luva (não só ele: há uma penca de filmes querendo a toda hora nos convencer de algo).
Mas, se não quiser nos convencer, por que alguém faria um filme? De fato, quase sempre se pretende convencer alguém de algo. Aí voltam à cena as duas categorias de filmes.
Uma delas procura demonstrar antes de mostrar. Mostrar é um meio, não um fim em si. A segunda procura mostrar, expor uma questão, não demonstrar seu ponto de vista. Ela se abre ao real, à multiplicidade de motivos que podem levar a tal ou tal comportamento. Isso não impede o diretor de ter um ponto de vista, pelo contrário. Mas, diferente do filme demonstrativo, seu sentido não é dirigido, nem unívoco, mas aberto e ambíguo. O sentido não vem dado. Convém à minoria da platéia que não quer um guru.


BICHO DE SETE CABEÇAS. Quando: hoje, às 22h, no Cinemax.

TV ABERTA

"Boleiros" questiona destino de jogadores

O Paizão
Globo, 13h05.
(Big Daddy). EUA, 99, 93 min. Direção: Dennis Dugan. Com Adam Sandler, Joey Lauren Adams. O sempre abobalhado Sandler é abandonado pela namorada, cansada de sua falta de maturidade. Para provar que está disposto a mudar e ser um cara mais responsável, adota um garoto de cinco anos para impressioná-la. A garota não reata, e Sandler se vê forçado a ser o tal "paizão" do título. Comédia.

Boleiros
Cultura, 15h30.
Brasil, 97. Direção: Ugo Giorgetti. Com Flávio Migliaccio, Adriano Stuart. Boleiros são jogadores de futebol. O filme trata, portanto, dessa rara espécie profissional composta quase sempre por rapazes de origem pobre, que da noite para o dia tornam-se, por vezes, famosos e ricos. O que acontece quando terminam suas carreiras? Essa é a pergunta central que se coloca Giorgetti ao longo de seis histórias que abordam diferentes destinos.

Sherazade - 1.001 Noites
Record, 18h30.
(Sheherazade - 1.001 Nuits). França, 90, 94 min. Direção: Phillipe de Broca. Com Catherine Zeta-Jones, Gérard Jugnot. Fugindo do vizir de Bagdá, Sherazade (Zeta-Jones) topa com uma lâmpada e, ao acendê-la, liberta Jimmy Genious, que lá estava aprisionado. Juntos, eles vão à aventura. Zeta-Jones como Sherazade não deixa de ser um achado.

O Sexto Sentido
SBT, 22h.
(The Sixth Sense). EUA, 99, 107 min. Direção: M. Night Shyamalan. Com Bruce Willis, Haley Joel Osment, Toni Collette. Willis é o psicólogo infantil que resolve abraçar o caso de um garoto de oito anos ao mesmo tempo em que tenta superar um antigo trauma. O garoto em questão vê pessoas mortas. Primeira parte de uma trilogia de Shymalan que aborda o fantástico e o sobrenatural.

O Último dos Moicanos
Bandeirantes, 0h30.
(Last of the Mohicans). EUA, 36, 91 min. Direção: George B. Seitz. Com Randolph Scott, Henry Wilcoxon. No século 18, durante os conflitos coloniais, o moicano Scott revela-se um aliado dos americanos na luta contra os franceses. Uma espécie de "O Guarani" americano, em uma de suas mais célebres versões. P&B. Legendado. (IA)


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