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FILMES
TV PAGA
"Bicho" serve ao público em busca de gurus
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Existem basicamente duas
categorias de filmes, os demonstrativos e os mostrativos. Os
primeiros acreditam que a força
de sua convicção equivale à verdade e buscam convencer o espectador disso. Dessa categoria
faz parte "Bicho de Sete Cabeças".
Nesse filme de Laís Bodanzky, a
ignorância e os preconceitos de
um pai levam-no a internar o filho
que fumava maconha num manicômio. Com isso, o que era um
pequeno problema torna-se grande. Não há como discordar da
premissa. Mas, ao mesmo tempo,
ela é um tanto óbvia para ser levada a sério.
Isso tem sua contrapartida: justamente pelo que tem de pueril e
engajado, o filme interessou a
uma legião de adolescentes que
sofrem nas mãos dos pais (ou
pensam que sofrem, dá no mesmo), julgam-se oprimidos etc.
Marketing à parte, pode-se
sempre perguntar qual a vantagem do cinema demonstrativo. A
maior parte dos espectadores parece que vive em busca de um guru, de alguém que lhe indique o
caminho. Para esses, "Bicho" cai
como uma luva (não só ele: há
uma penca de filmes querendo a
toda hora nos convencer de algo).
Mas, se não quiser nos convencer, por que alguém faria um filme? De fato, quase sempre se pretende convencer alguém de algo.
Aí voltam à cena as duas categorias de filmes.
Uma delas procura demonstrar
antes de mostrar. Mostrar é um
meio, não um fim em si. A segunda procura mostrar, expor uma
questão, não demonstrar seu
ponto de vista. Ela se abre ao real,
à multiplicidade de motivos que
podem levar a tal ou tal comportamento. Isso não impede o diretor de ter um ponto de vista, pelo
contrário. Mas, diferente do filme
demonstrativo, seu sentido não é
dirigido, nem unívoco, mas aberto e ambíguo. O sentido não vem
dado. Convém à minoria da platéia que não quer um guru.
BICHO DE SETE CABEÇAS. Quando:
hoje, às 22h, no Cinemax.
TV ABERTA
"Boleiros" questiona destino de jogadores
O Paizão
Globo, 13h05.
(Big Daddy). EUA, 99, 93 min. Direção:
Dennis Dugan. Com Adam Sandler, Joey
Lauren Adams. O sempre abobalhado
Sandler é abandonado pela namorada,
cansada de sua falta de maturidade. Para
provar que está disposto a mudar e ser
um cara mais responsável, adota um
garoto de cinco anos para impressioná-la. A garota não reata, e Sandler se vê
forçado a ser o tal "paizão" do título.
Comédia.
Boleiros
Cultura, 15h30.
Brasil, 97. Direção: Ugo Giorgetti. Com
Flávio Migliaccio, Adriano Stuart.
Boleiros são jogadores de futebol. O
filme trata, portanto, dessa rara espécie
profissional composta quase sempre por
rapazes de origem pobre, que da noite
para o dia tornam-se, por vezes, famosos
e ricos. O que acontece quando
terminam suas carreiras? Essa é a
pergunta central que se coloca Giorgetti
ao longo de seis histórias que abordam
diferentes destinos.
Sherazade - 1.001 Noites
Record, 18h30.
(Sheherazade - 1.001 Nuits). França, 90,
94 min. Direção: Phillipe de Broca. Com
Catherine Zeta-Jones, Gérard Jugnot.
Fugindo do vizir de Bagdá, Sherazade
(Zeta-Jones) topa com uma lâmpada e,
ao acendê-la, liberta Jimmy Genious, que
lá estava aprisionado. Juntos, eles vão à
aventura. Zeta-Jones como Sherazade
não deixa de ser um achado.
O Sexto Sentido
SBT, 22h.
(The Sixth Sense). EUA, 99, 107 min.
Direção: M. Night Shyamalan. Com Bruce
Willis, Haley Joel Osment, Toni Collette.
Willis é o psicólogo infantil que resolve
abraçar o caso de um garoto de oito anos
ao mesmo tempo em que tenta superar
um antigo trauma. O garoto em questão
vê pessoas mortas. Primeira parte de
uma trilogia de Shymalan que aborda o
fantástico e o sobrenatural.
O Último dos Moicanos
Bandeirantes, 0h30.
(Last of the Mohicans). EUA, 36, 91 min.
Direção: George B. Seitz. Com Randolph
Scott, Henry Wilcoxon. No século 18,
durante os conflitos coloniais, o moicano
Scott revela-se um aliado dos
americanos na luta contra os franceses.
Uma espécie de "O Guarani" americano,
em uma de suas mais célebres versões.
P&B. Legendado.
(IA)
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