São Paulo, segunda-feira, 19 de setembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Xico Stockinger ganha mostra na Pinacoteca

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma poética árida e áspera, dotada de dramaticidade expressionista e de conteúdo engajado, salta aos olhos do espectador nas 60 esculturas de Xico Stockinger, em mostra aberta anteontem na Pinacoteca, em São Paulo.
"Ele [Stockinger] fala que sua obra não tem nada a festejar", diz o curador da exposição, Agnaldo Farias, que fez um recorte na produção escultórica do artista austríaco radicado em Porto Alegre e optou por só apresentar obras em bronze. "É importante ressaltar que ele continua ativo, produzindo bastante", diz Farias, sobre o artista de 86 anos.
A seção da mostra que mais sintetiza a singularidade de Stockinger é a série "Gabirus", que recebe o visitante. Logo no início, a figura de um homem que grita. Pouco atrás, uma mulher carrega o pequeno corpo do filho morto. Muitas esculturas estão sem pedestal.
"O trabalho do artista ainda é feito sobre um bronze carcomido, quase ulcerado, que faz com que as obras tenham esse caráter de tragédia", avalia o curador, que não vê muitos pontos de contato da obra de Stockinger com outros escultores no país, exceto com a do italiano radicado no Brasil Ernesto de Fiori (1884-1945).
Farias acredita que Stockinger se aproxime da poética dolorosa de Oswaldo Goeldi (1895-1961) e Iberê Camargo (1914-1994). "A luta pela sobrevivência, a amargura e a solidão os aproximam."
A mostra termina com um emaranhado de esculturas de pequenas dimensões, que passeiam pelas diversas temáticas de Stockinger: esboços de figuras humanas, formas animais, mulheres e a série de guerreiros, que o deixou mais conhecido.
"Ela é uma espécie de síntese da trajetória do artista", afirma o curador, mostrando as figuras algo regradas, que guardam semelhanças com suas esculturas colocadas ao ar livre, mais freqüentes no Sul. "Precisamos conhecer mais os artistas fora do eixo [Rio-SP]", atesta Farias.


Stockinger - Bronzes
Quando:
de ter. a dom., das 10h às 17h30. Até 23/10
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, tel. 0/xx/11/3229-9844)
Quanto: R$ 4 (grátis aos sábados)


Texto Anterior: Exposição: Guggenheim recebe 800 anos de Rússia
Próximo Texto: Documentário: Discovery destrincha mitos de tubarões
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.