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Charles Bradley canta a vida dura do soul em novo disco
'Victim of Love' é o segundo trabalho autoral do músico, 65, que passou décadas como cover de James Brown
Quarenta e cinco anos imitando James Brown devem ensinar a alguém uma coisa ou outra sobre cantar energicamente e estar no palco.
Até chegar ao seu recém-lançado segundo disco, "Victim of Love", o cantor Charles Bradley, 65, repetia incansavelmente os hits do rei do funk enquanto atendia pelo pseudônimo de "Black Velvet", apresentando-se em pequenos clubes de Nova York.
Foi apenas há poucos anos, quando Bradley encontrou a turma da gravadora Daptone --por onde passaram músicos como Sharon Jones, Amy Winehouse e Antibalas--, que passou a compor as primeiras canções e assinar com seu próprio nome.
"Venho me apresentando como James Brown, Otis Redding e Sam Cooke desde 1968", conta. "Agora estou aprendendo a ser eu mesmo. É mais difícil, porque muitos momentos nas minhas letras me deixam sentimental, me fazem pensar nas coisas que estou falando. Estou cantando verdades da minha vida."
A emoção que o cantor e hoje compositor canaliza em suas canções de coração aberto e voz poderosa de puro soul vem das experiências pessoais, vida de intensos percalços recentemente contados no documentário "Soul of America" (2012). O filme registra os momentos de lançamento do primeiro disco de Bradley aos 62 anos, enquanto relembra a juventude sofrida, os tempos morando na rua, o assassinato do irmão, os cuidados com a mãe.
Mas os ídolos, que via e ouvia e imitava enquanto sonhava, também influenciavam no exemplo de persistência. "Todos nós viemos da vida dura das ruas. Então, vendo-os, aprendi a não perder a esperança, que um dia aquilo poderia acontecer comigo, que eu encontraria meu caminho. Demorou, mas finalmente aconteceu."