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Peças sobre o amor reproduzem clima de revista feminina

Conselhos sentimentais invadem a temporada de teatro; mulheres são figuras centrais no retrato do desespero

Medo do abandono e tédio no casamento são alguns dos temas debatidos por textos cômicos e trágicos

GUSTAVO FIORATTI DE SÃO PAULO

É possível, sim, que exista amor em SP. Mas, em decorrência deste mesmo amor que se aninha dentro de casa, no trabalho, na rua ou nas danceterias, também existe o saldo do surto, da dependência sentimental e de muita --mas muita-- dor de cotovelo.

Pelo menos é este o retrato que algumas peças em cartaz hoje na cidade fazem de quem ama. O verbo amar, para um punhado de personagens desesperançosos colocados hoje em cena, aproxima-se mais de uma espécie de tormenta íntima.

Os títulos das montagens entregam: "Louca de Amor "" Quase Surtada", "Fora de Mim", "Doidas e Santas", "Divórcio", "TPM - Terapia para Mulheres" e por aí vai.

Quem já amou desesperadamente vai se identificar com uma ou outra coisinha dita sobre o palco.

Para facilitar o serviço prestado (OK, há casos de desserviço), a Folha reproduz os conselhos espalhados por esses espetáculos em franca proliferação.

"Myrna Sou Eu", que reestreia no Eva Herz da Livraria Cultura, é uma boa iniciação. De frente para a psicóloga interpretada por Nilton Bicudo, o espectador vai ouvir verdades do tipo: "Todo mundo exige fidelidade e quase ninguém cogita de merecê-la." Myrna, note, não falou isso ontem nem no ano passado...

Myrna foi uma personagem criada por Nelson Rodrigues nos anos 40. Com o nome dela, ele assinava uma coluna no "Diário da Noite" respondendo a questões de amor de suas leitoras. A direção é de Elias Andreato.

Mulheres são as grandes protagonistas das peças que tratam sobre o tema. Andreato atribui essa "coincidência" à um fenômeno midiático: "Esse é o universo que vem das revistas femininas, desses programas de rádio e de TV onde questões sentimentais são expostas sem pudor."

O medo do abandono é uma questão recorrente. Há mostras fartas de revanchismo, como na piada infame de "Louca de Amor "" Quase Surtada", com Lena Roque: "Bom mesmo é namorar Saci, porque se ele te der um pé na bunda, pelo menos quem cai é ele."

Egressa de um cenário experimental, a atriz e bailarina assume a adaptação do livro "Confissões de uma Louca de Amor", de Viviane Pereira, como um trabalho com "gosto de popular". "Queria uma comédia. Estava exausta de fazer espetáculos herméticos e que o público (não a classe) rejeita", diz.


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