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Andrea Beltrão vive saga da pior intérprete do mundo

Na pele da personagem-título do musical 'Jacinta', atriz percorre parte da história do teatro fazendo performances desastrosas

GABRIELA MELLÃO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A dificuldade de Andrea Beltrão para interpretar a pior atriz do mundo em "Jacinta", musical de Newton Moreno que estreia amanhã, não se deu por falta de identificação com a personagem-título. "Me sinto Jacinta. Muitas e muitas vezes me acho péssima e exagerada. Vejo meus truques. Minha voz me irrita, e detesto me ver atuando, na TV e no cinema", confessa Beltrão.

Segundo a atriz, que completa 50 anos em 2013, a dificuldade se deu sobretudo pelo desejo de "construir uma personagem com muita vontade e nenhum saber, alguém incansável na sua busca".

Jacinta é uma invenção de Newton Moreno, um dos dramaturgos mais interessantes da atualidade. Sua aventura começa numa representação para a rainha de Portugal, no século 16. Sua interpretação desastrosa faz a monarca perder o ar e morrer. Ela é deportada para o Brasil, carregando na bagagem a fama de ser a pior intérprete do mundo.

A travessia de Jacinta desafia o tempo cronológico e perpassa parte da história do teatro mundial. A estreia acontece graças a um papel que o autor português Gil Vicente lhe dá por engano. Ela também ganha uma aula prática de teatro de Shakespeare em pessoa e sonha em conhecer Nelson Rodrigues.

"Esta peça é uma declaração de amor ao teatro através de uma pessoa sem nenhum talento para esta arte", sintetiza Moreno, que experimenta em "Jacinta" veia de compositor, ao lado do diretor do espetáculo, Aderbal Freire Filho, e do titã Branco Mello.

Moreno acredita que a obra mobiliza seus criadores a falarem de si, expondo o que pensam do ofício teatral.

"No espetáculo, o teatro olha para ele mesmo", afirma Freire Filho, que define sua paixão por esta arte como a de Jacinta: "um impulso, um destino".

Em sua concepção, cuja busca é pela essencialidade, ele se apropria do ensinamento transformador que a personagem-título recebe de Shakespeare (em texto extraído de "Hamlet"): "O exagero não tem nada a ver com o teatro, cujo fim, desde o princípio, e até agora, era e é colocar um espelho diante da natureza, mostrar à virtude a sua cara, ao vício a sua imagem, e a cada época, a idade e o corpo verdadeiros que ela tem", ensina o bardo em cena.


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