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Agora é moda
Nos EUA, peças de roupas, joias e acessórios cotidianos criados por estilistas famosos se espalham das vitrines para os espaços dos museus
Cenários que lembram as semanas de moda, iluminação baixa, som alto e manequins vestidos por estilistas aclamados compõem o clima das exposições que consolidam uma tendência entre museus norte-americanos.
Pelo menos 17 mostras com foco em roupas e acessórios estão em cartaz ou sendo montadas em instituições no país, segundo um levantamento feito pela Folha.
Sem nunca antes ter realizado uma grande exposição voltada para o assunto, o Seattle Art Museum aderiu à moda e registrou público 50% superior ao estimado em uma exibição inaugurada recentemente mostrando três décadas de influência fashion japonesa (e vários looks dos estilistas Rei Kawakubo e Yohji Yamamoto, é claro).
Em Nova York, o museu Metropolitan vai abrir em novembro uma retrospectiva do designer de joias francês Joel A. Rosenthal, e isso logo depois da exposição "Punk: Chaos to Couture", que termina agora. Essa, sobre a influência do movimento punk nas passarelas, foi aberta em maio último sob forte expectativa de sucesso de público, característica que se repete na maior parte dos eventos, seja qual for o estilo exibido.
O repertório hippie de uma mostra apresentada no Museum of Fine Arts de Boston, que desde os anos 1960 despe seu acervo para eventos de moda, sinalizou que neste ano o assunto ganhou mais popularidade, segundo a curadora, Lauren Whitley: "Hippie Chic' nos fez perceber um novo público não familiarizado com os eventos anteriores do museu", diz.
Algumas instituições, entretanto, negam que a escolha de temas relacionados à moda seja orientada pelo apelo à audiência.
"Moda é também um trabalho de arte e tem significados e representações culturais tão importantes quanto a pintura", responde um porta-voz do Norton Museum of Art, de West Palm Beach, instituição que vai abrir em janeiro sua mostra de joias.