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Crítica

Mostras de moda têm sido usadas para ajudar na manutenção dos museus

FABIO CYPRIANO CRÍTICO DA FOLHA

Usar moda ou outros temas espetaculares para ampliar a visitação de museus não é um fenômeno recente. Seu marco inicial pode ser considerada a mostra "A Arte da Motocicleta", organizada, em 1998, no Museu Guggenheim de Nova York. Concebida pelo seu então diretor Thomas Krens, a exposição aumentou a visitação do museu em 45% acima do normal, alcançando 301 mil visitantes, um recorde até então.

Krens, aliás, foi uma figura central no reposicionamento com viés populista dos museus no final do século 20 e início do 21. Foi durante sua gestão, de 1988 a 2008, que o Guggenheim buscou abrir filiais pelo mundo, incluindo o Brasil, o que acabou não tendo sucesso.

Seu feito com maior repercussão foi a construção do Guggenheim em Bilbao, na Espanha, planejado por Frank Gehry. Marco arquitetônico que atrai turistas de todo o planeta, o museu tornou-se um caso exemplar do uso de um equipamento cultural para a requalificação de uma região.

Krens também explorou a moda como chamariz para o grande público com a mostra sobre o estilista italiano Giorgio Armani, organizada no Guggenheim, em 2000, alcançando 319 mil visitantes, superando, assim, as motocicletas. Não foi a primeira vez que um estilista teve retrospectiva em um museu de prestígio, já que, em 1983, o Metropolitan de Nova York (Met) abriu suas portas para Yves Saint Laurent.

Contudo, a exposição de Armani provocou grande polêmica quando se tornou público que Armani havia doado US$ 15 milhões à instituição. Críticos norte-americanos acusaram o museu de estar sendo alugado por um estilista que estava perdendo terreno para marcas como Gucci e Prada, além de questionarem se o próprio Armani merecia uma exposição em um museu.

E aí está, afinal, a questão essencial: Por que apresentar um estilista em museu?

Criadores radicais, que questionaram a linguagem da moda e transformaram a cultura não faltam, e aí sua presença no museu é compreensível. Um caso recente de sucesso de público e crítica foi a mostra dedicada a Alexander McQueen, "Savage Beauty", no Met, que em 2011 recebeu um público de 661 mil pessoas.

No entanto, frente à diminuição de recursos públicos e privados para grandes museus, a estratégia tem sido mesmo apelar. Exposições com caráter espetacular, é fato, ajudam na bilheteria e, portanto, na manutenção dos museus. Se isso for uma estratégia para manter a qualidade em outras mostras, elas até podem se justificar.


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