Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Ismael Ivo leva babel de bailarinos a São Paulo

Espetáculo do projeto Biblioteca do Corpo tem 29 artistas de vários países

'Erendira', baseado em conto de Gárcia Márquez, é apresentado neste final de semana no Sesc Pinheiros

IARA BIDERMAN DE SÃO PAULO

O coreógrafo Ismael Ivo se considera um Macunaíma. É a versão bem nutrida e bem-vestida do personagem de Mario de Andrade que recebe a reportagem em um hotel na Vila Olímpia, em São Paulo.

Ele está hospedado com 29 bailarinos --15 brasileiros e 14 de outros países. A babel de corpos veio de Viena, onde os bailarinos de 18 a 27 anos passaram dois meses submersos na dança contemporânea.

"Eles tiveram contato direto com o trabalho de coreógrafos internacionais. Entraram na cozinha para ver de onde saiu a moqueca", diz Ismael.

Biblioteca do Corpo é o nome do projeto que Ismael criou em 2012, quando era curador de dança da Bienal de Veneza. No ano seguinte, tornou-se diretor do festival vienense ImPuls Tanz, e levou a biblioteca viva para a Áustria.

Em sua versão do dote "Oropa, França e Bahia" recebido por Macunaíma no romance modernista, Ismael, em parceria com o Sesc e com a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, faz o circuito Viena-Brasil com o espetáculo montado no projeto.

"Erendira", baseado em um conto de Gabriel García Márquez (1927-2014) é dançado pelos bolsistas e encenado pela atriz santista Cleide Queiroz. Ela faz o papel da avó desalmada que prostitui a neta no conto de Márquez.

A dança-teatro terá, segundo Ismael, trilha sonora com canções da peruana Yma Sumac e covers da Metallica feitos pela Apocalyptica, banda finlandesa de violoncelistas.

DA ZONA LESTE A VIENA

Ismael gosta de contar que nasceu na zona leste, na periferia de São Paulo, mas não de dizer quando. "Bailarino não tem idade", desconversa.

Ele nasceu em 1955 e começou a carreira como ator. O primeiro contrato foi para fazer peças didáticas. "Passava o dia inteiro me apresentando para escolas". Só começou a estudar dança aos 17 anos, em um curso oferecido pelos sindicatos dos atores.

Nos anos 1970, já estava na fervida cena de dança paulista. Nos 1980, encarnou Clara Crocodilo, do primeiro disco de Arrigo Barnabé.

Mas a "grande bênção" foi em 1983, quando o coreógrafo americano Alvin Ailey o viu dançar em um festival na Bahia. Ailey estava ali com Bruno Barreto e perguntou ao cineasta se o bailarino era bom. "O Bruno não me conhecia, respondeu: não deve ser'''.

Mesmo assim Ailey viu o espetáculo, gostou, e levou o bailarino para sua companhia de Nova York, famosa por sua equipe de artistas negros e seus balés modernos com música negra americana.

De Nova York, Ismael foi para Alemanha, onde se tornou o primeiro negro a dirigir o teatro de Weimar. Depois de passar oito anos na curadoria da Bienal de Veneza, mudou-se para Viena, onde vive atualmente. "Mas não é por estar sentado neste pedestal que virei europeu. Serei sempre Macunaíma", diz.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página