São Paulo, domingo, 05 de janeiro de 2003

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MERCADO

Investimento perdeu para outras aplicações em 2002, mas preços, defasados, devem ter recuperação de até 20% neste ano

Ganho com imóvel promete reabilitação

DA REPORTAGEM LOCAL

O preço médio do metro quadrado de área total dos imóveis vendidos na região metropolitana de São Paulo, de janeiro a novembro de 2002, foi 20,49% maior que a média praticada em igual período de 2001 -segundo a empresa de análise imobiliária Embraesp.
Ficou muito abaixo dos ganhos verificados entre os campeões de rendimentos do ano passado -o ouro subiu 80,93%, e o dólar comercial, 53,2%, embalados pelas incertezas econômicas. Quem comprou um quatro-dormitórios no final de 2001, por exemplo, viu seu patrimônio crescer só 6,77%.
Os dados revelam, porém, um fator positivo para os compradores: os valores do metro quadrado estiveram contidos. "O ano propiciou compras a bons preços", diz Cassio Mantelmacher, 35, diretor da construtora Schahin.
"A alta do dólar tornou "barato" sobretudo o imóvel de alto padrão [acima de R$ 1 milhão]", diz Rodrigo Bicalho, 34, advogado especializado na área imobiliária.
Esse mercado foi o mais agitado do ano -sua participação no total do setor saltou de menos de 12% para até 25% e representou 20,1% do volume total de vendas em 2002. "E há fortes indícios de que os preços subirão até 20% em 2003", diz Basílio Jafet, vice-presidente do Secovi-SP (sindicato das construtoras e imobiliárias).
Além disso, mesmo que a compra do imóvel tenha sido financiada pelo IGP-M (considerada a pior escolha para corrigir contratos), o comprador não deverá sofrer tanto quanto na alta exagerada (25,31%) de 2002 -a expectativa do mercado é que o índice suba 15% em 2003.

Investimento
Em 2002, entre os fatores que atraíram o investidor para o imóvel, além da tradicional segurança que o ativo dá, estão a queda de rendimento dos fundos de investimento -que fez os recursos migrarem para o imóvel-, a chance de vender o dólar aproveitando a cotação em alta e a proximidade das eleições -quando a busca por proteção é sempre mais intensa-, enumera Bicalho.
"Muitos investidores imaginam que os campeões de rendimento em 2002 [ouro, dólar e fundos DI] não devem repetir a dose em 2003. Ao contrário, podem ser os grandes perdedores de amanhã", afirma o economista Mauro Halfeld, professor titular da Universidade Federal do Paraná.
"Desde o início do Plano Real, a festa foi enorme nos fundos DI, pois ninguém conseguiu competir com os juros básicos do governo [estiveram, em média, em 20,8% ao ano]. Mas não será possível mantê-los altos por muito mais tempo", aposta Halfeld.
Por isso a grande aposta de quem investiu em imóveis em 2002 foi o "emergente" mercado de fundos imobiliários. Mas, para que a escolha seja bem-sucedida, o auditor de investimentos Bernd Rieger alerta para a necessidade de analisar, entre outros pontos, o comportamento da atividade à qual o imóvel se destina, pois ele pode ficar vazio e trazer prejuízo.
Na prática, o cuidado dá certa segurança de que haverá liquidez na hora de vender os papéis.
Segundo Romeu Chap Chap, presidente do Secovi-SP, muitos investidores também optaram pelos leilões de imóveis ocupados por agências bancárias, em busca de renda garantida por contratos de locação mais longos (de dez a 20 anos). "É mais fácil do que vender o imóvel inteiro, não precisa pagar impostos, e a rentabilidade, mesmo que menor, é garantida", explica Jafet, do Secovi-SP.
(NATHALIA BARBOZA)


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