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MERCADO
Investimento perdeu para outras aplicações em 2002, mas preços, defasados, devem ter recuperação de até 20% neste ano
Ganho com imóvel promete reabilitação
DA REPORTAGEM LOCAL
O preço médio do metro quadrado de área total dos imóveis
vendidos na região metropolitana
de São Paulo, de janeiro a novembro de 2002, foi 20,49% maior que
a média praticada em igual período de 2001 -segundo a empresa
de análise imobiliária Embraesp.
Ficou muito abaixo dos ganhos
verificados entre os campeões de
rendimentos do ano passado -o
ouro subiu 80,93%, e o dólar comercial, 53,2%, embalados pelas
incertezas econômicas. Quem
comprou um quatro-dormitórios
no final de 2001, por exemplo, viu
seu patrimônio crescer só 6,77%.
Os dados revelam, porém, um
fator positivo para os compradores: os valores do metro quadrado
estiveram contidos. "O ano propiciou compras a bons preços", diz
Cassio Mantelmacher, 35, diretor
da construtora Schahin.
"A alta do dólar tornou "barato"
sobretudo o imóvel de alto padrão [acima de R$ 1 milhão]", diz
Rodrigo Bicalho, 34, advogado especializado na área imobiliária.
Esse mercado foi o mais agitado
do ano -sua participação no total do setor saltou de menos de
12% para até 25% e representou
20,1% do volume total de vendas
em 2002. "E há fortes indícios de
que os preços subirão até 20% em
2003", diz Basílio Jafet, vice-presidente do Secovi-SP (sindicato das
construtoras e imobiliárias).
Além disso, mesmo que a
compra do imóvel tenha sido
financiada pelo IGP-M (considerada a pior escolha para corrigir
contratos), o comprador não
deverá sofrer tanto quanto na alta
exagerada (25,31%) de 2002 -a
expectativa do mercado é que o
índice suba 15% em 2003.
Investimento
Em 2002, entre os fatores que
atraíram o investidor para o imóvel, além da tradicional segurança
que o ativo dá, estão a queda de
rendimento dos fundos de investimento -que fez os recursos migrarem para o imóvel-, a chance
de vender o dólar aproveitando a
cotação em alta e a proximidade
das eleições -quando a busca
por proteção é sempre mais intensa-, enumera Bicalho.
"Muitos investidores imaginam
que os campeões de rendimento
em 2002 [ouro, dólar e fundos DI]
não devem repetir a dose em
2003. Ao contrário, podem ser os
grandes perdedores de amanhã",
afirma o economista Mauro Halfeld, professor titular da Universidade Federal do Paraná.
"Desde o início do Plano Real, a
festa foi enorme nos fundos DI,
pois ninguém conseguiu competir com os juros básicos do governo [estiveram, em média, em
20,8% ao ano]. Mas não será possível mantê-los altos por muito
mais tempo", aposta Halfeld.
Por isso a grande aposta de
quem investiu em imóveis em
2002 foi o "emergente" mercado
de fundos imobiliários. Mas, para
que a escolha seja bem-sucedida,
o auditor de investimentos Bernd
Rieger alerta para a necessidade
de analisar, entre outros pontos, o
comportamento da atividade à
qual o imóvel se destina, pois ele
pode ficar vazio e trazer prejuízo.
Na prática, o cuidado dá certa
segurança de que haverá liquidez
na hora de vender os papéis.
Segundo Romeu Chap Chap,
presidente do Secovi-SP, muitos
investidores também optaram
pelos leilões de imóveis ocupados
por agências bancárias, em busca
de renda garantida por contratos
de locação mais longos (de dez a
20 anos). "É mais fácil do que vender o imóvel inteiro, não precisa
pagar impostos, e a rentabilidade,
mesmo que menor, é garantida",
explica Jafet, do Secovi-SP.
(NATHALIA BARBOZA)
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