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PLANO DIRETOR EM DEBATE
Moradores querem que aeroporto reduza vôos; aquífero subterrâneo também é problema
Congonhas tira o sono do Campo Belo
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Para identificar boa parte dos
problemas enfrentados pelo distrito Campo Belo, basta olhar para cima: não há uma infra-estrutura compatível com o gigantismo do vai-e-vem de aviões
no aeroporto de Congonhas.
"Sua presença causa inquietude", define Márcio Luiz da Costa,
40, coordenador do plano de Santo Amaro (macrorregião onde
Campo Belo está inserido). "Provoca acidentes, barulho e complicações no tráfego de veículos."
De acordo com Antonio Cunha,
48, diretor-presidente do Movibelo (Movimento de Moradores do
Campo Belo), "é fundamental a
revisão do papel do aeroporto,
que deveria ser regional".
Esse projeto faria com que as
empresas e serviços que municiam seu funcionamento fossem
alocadas para o interior da estrutura, num grande condomínio.
Hoje, a situação percebida é
oposta à ideal. A oferta de serviços
ligados à atividade se espalha pelos bairros vizinhos. É o caso dos
pontos de táxi, que atraem o comércio ambulante, e das cargas e
descargas de caminhões nos galpões ao longo das avenidas
Washington Luís e Rubem Berta.
"Aquelas imediações estão deterioradas", opina a arquiteta e
urbanista Regina Monteiro, do
Movimento Defenda São Paulo.
"No trecho da av. Washington
Luís em frente ao aeroporto, por
exemplo, não existem calçadas."
O trânsito na região também está longe de um "céu de brigadeiro". "Desde 1995, o número de
pessoas que passam por Congonhas saltou de 4,5 milhões para 12
milhões ao ano", diz Monteiro.
Cunha, do Movibelo, reclama
do sistema viário, do qual fazem
parte a própria Washington Luís e
as av. dos Bandeirantes e Vereador José Diniz. "Ruas internas,
como a Demóstenes e a Otávio
Tarquínio de Souza, utilizadas para passagem, recebem mais tráfego do que deveriam."
Proteção ambiental
Ao voltar os olhos para o chão, a
prioridade do morador é o aquífero (reserva subterrânea de
água), localizado abaixo da avenida Professor Vicente Rao.
"Representantes dos bairros
se uniram para criar um projeto
de lei para proteger o ambiente
local", afirma Mamoru Tinone,
65, presidente da Sociedade Amigos do Brooklin Paulista.
Outro objeto de discussão é a
preservação da zona estritamente
residencial em vigência. "Há casos em que a legislação é desobedecida com a instalação de comércio e de escritórios", denuncia
Tinone. "Na rua Sônia Ribeiro,
por exemplo, localiza-se uma casa
que é alugada para festas."
Ele protesta ainda contra a proliferação de condomínios horizontais, "que derrubam árvores e
adensam a região".
Para Luiz da Costa, há forte especulação imobiliária no Campo
Belo. Mas as possibilidades de
adensamento são limitadas, apesar de o distrito ter perdido população na última década. "Poderia
existir ao longo da av. Água Espraiada, mas é preciso haver instrumentos de controle nas demais
regiões", diz Regina Monteiro.
Na av. Água Espraiada, há uma
operação urbana já definida. A
maior preocupação ali é com a favela, que tem de ser reurbanizada.
Além disso, existe a preocupação de dar identidade cidadã aos
trabalhadores que moram no distrito. É por isso que o Movibelo
propõe uma cooperativa para a
prestação de serviços de limpeza e
de coleta seletiva em equipamentos da região.
(EDSON VALENTE)
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