São Paulo, segunda-feira, 19 de março de 2001

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APOSENTADORIA

Novos planos de previdência visam ao investidor conservador e ao trabalhador da economia informal

Garantia é de ganho mínimo e custo alto

Divulgação
Teresa Moranduzzo e Sílvio Piesco têm, cada um, dois planos de previdência para garantir uma renda maior na aposentadoria


SANDRA BALBI
EDITORA DO FOLHAINVEST

A vantagem do envelhecimento, dizem, é que nos tornamos mais sábios. Daqui para a frente, você vai precisar de uma dose extra de sabedoria, independentemente da idade, para escolher, entre os diferentes produtos financeiros existentes no mercado, aquele que poderá garantir sua sobrevivência na terceira idade. E sem cobrar-lhe os olhos da cara.
Até amanhã, o Conselho Nacional de Seguros Privados publicará resolução criando três novos seguros de vida que podem ser resgatados na aposentadoria e transformados em renda mensal. Serão destinados aos trabalhadores da economia informal, pois não têm o benefício fiscal dos planos de previdência. Na previdência, as contribuições podem ser abatidas do Imposto de Renda até o limite de 12% da renda bruta do contribuinte.
Em abril, dois novos planos de previdência serão regulamentados pela Susep (Superintendência de Seguros Privados), e deverão atender o investidor mais conservador, o que aplica na caderneta de poupança e foge de riscos.
Eles garantirão, durante o período de acumulação, uma rentabilidade mínima mensal mais um excedente financeiro, ou seja, parte dos ganhos obtidos pela seguradora no mercado serão repassados ao investidor. "Essa garantia terá um custo alto", pondera Walter Hime, diretor da Real Seguros.
Com nomes intragáveis como PAGP (Plano de Atualização Garantida e Performance) e PRGP (Plano de Rentabilidade Garantida e Performance), os novos produtos cobrarão quatro taxas diferentes do investidor, mordendo boa parte dos ganhos da aplicação. Nos planos já existentes, há menos taxas e os custos podem ser menores, o que exigirá que você pesquise com mais cuidado antes de investir (leia quadro).
O que vai diferenciar o PAGP do seu gêmeo PRGP é que o primeiro garantirá ao investidor apenas a correção monetária da aplicação por um índice de preços e o segundo, além desse índice, renderá também uma taxa de juro de até 6% ao ano. "Cada empresa definirá o índice de preços e o juro que pagará", diz Toni Lotar, diretor da Sul América Previdência.
O diretor da Canada Life, Geraldo Magela, acredita que o juro pago pelos planos vá ficar em torno de 3% ou 4% ao ano. "É um limite máximo. Acima disso, há um risco muito grande para a solvência das seguradoras", diz ele.

Velha-guarda
Segundo Hime, os dois planos são uma nova versão dos chamados planos tradicionais, criados há 20 anos, que deixaram de ser comercializados por quase todas as companhias no ano passado. Eles também garantem uma remuneração mínima, que acabou sendo padronizada pelo mercado em IGP-M mais juro de 6% ao ano. Além disso, os planos tradicionais também rendem um excedente financeiro.
O problema desses planos, segundo Marcos Peres, coordenador de vida e previdência da Susep, é a falta de transparência na apuração do tal excedente .
"Os recursos dos participantes dos planos tradicionais são aplicados em diversos ativos (imóveis, ações, títulos públicos ou privados) pelas seguradoras, muitas vezes misturados a recursos próprios das empresas", diz ele. No final, ninguém sabe qual a rentabilidade obtida, e o repasse é feito a critério das seguradoras.
No PAGP e no PRGP, os recursos dos participantes serão depositados em um FIF (Fundo de Investimento Financeiro), administrado por um asset management, com divulgação diária da cota nos jornais. "Haverá mais transparência", diz Carlos Ximenes, presidente da Unibanco Previdência.
Não foi por falta de transparência que os planos tradicionais saíram das prateleiras das seguradoras e voltam agora com nova roupagem. A queda da rentabilidade das aplicações financeiras, com os juros e as Bolsas despencando, fez esses planos balançarem.
"Nos últimos dois anos, os ativos que garantem os planos de previdência renderam menos que o IGP-M mais 6%, e as seguradoras tiveram de abrir mão de parte dos seus ganhos com taxa de administração para cumprir os contratos", diz Roberto Ludovico, diretor-executivo da AGF Brasil.


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