Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Análise
Delator serve de exemplo dos impulsos do jornalismo
PETER PRESTON DO "OBSERVER"O Comitê Judiciário do Senado americano formula uma "lei de segurança" que dará aos repórteres mais proteção quando o governo tentar grampear, prender ou exigir a identidade das fontes.
Um senador pergunta: é uma proteção para membros do WikiLeaks? O autor do projeto, o senador Charles Schumer discute: "Há pessoas que fazem jornalismo de verdade de um modo diferente do qual estamos acostumados --elas não deveriam ser excluídas".
Queremos proteger os jornalistas "reais", mas a natureza rígida da realidade nos ilude. E a realidade assume nova dimensão quando Glenn Greenwald e Edward Snowden publicam séries de exclusivas.
Seria Greenwald, um colunista liberal e brilhante do "Guardian" um jornalista "de verdade"? Não de acordo com certas vozes do governo Obama e alguns colegas elitistas.
Eles dizem que Greenwald é "um ativista" --dando a entender que não é justo, equilibrado e adequado para ser empregado por organizações "respeitáveis". Portanto, seu trabalho seria contaminado.
O jornalismo de ação é definido pelas histórias produzidas. O que importa é o que é veiculado, o que afeta a consciência pública --e não o manual que rege sua prática.
Nós temos razões para chamarmos de "cidadãos jornalistas" os homens e mulheres em Homs, que se aventuram nas ruas com seus celulares. Eles estão fotografando algo que o mundo precisa ver.
Apresentadores de TV não gostam de ser associados a tipos como Greenwald, pois ele acredita no que reporta e se envolve. De novo, o que conta é como a matéria surge por uma teia de percepções existentes. Greenwald é um jornalista. Snowden exemplifica os impulsos do jornalismo. E ninguém deveria imaginar que uma lei pode protegê-los. Jornalistas não são assim. Já proprietários de jornais...