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Análise
Mesmo em baixa, presidente deve aprofundar seu modelo de gestão
PATRICIO GIUSTO ESPECIAL PARA A FOLHAA Frente para a Vitória, de Cristina Kirchner, sofreu uma contundente derrota nas primárias. Se era esperado um mau desempenho do governo nos principais distritos, nem o mais pessimista dos prognósticos antecipou semelhante debacle eleitoral.
Com 26% dos votos no total nacional, o kirchnerismo teve o pior desempenho de um governo desde o retorno à democracia, em 1983.
O único resultado que dilui a magnitude da derrota é o fato de que a oposição chegou à eleição com um grau de fragmentação similar às eleições de 2011. É por isso que nenhum partido da oposição conseguiu ter mais votos que o governo nacionalmente.
Se mantidas as tendências nas eleições gerais de outubro, o kirchnerismo caminha para perder a maioria tanto na Câmara como no Senado.
Como já ocorreu em outros momentos na Argentina, com a mudança no legislativo se avizinha uma reconfiguração do peronismo, extinta definitivamente a possibilidade de re-reeleição da presidente.
Nesse contexto, Sergio Massa, o grande vitorioso da jornada após derrotar o governo na província de Buenos Aires, consolida-se como pré-candidato presidencial.
Há outros governadores peronistas com bom desempenho local, como o cordobês José Manuel de la Sota, que também aspiram à candidatura. Já o governador de Buenos Aires, Daniel Scioli, derrotado, foi relegado a um segundo plano na disputa.
Entre as causas da derrota do governo destacam-se a complexa situação econômica e a crescente inflação e os escândalos de corrupção. Mas, sobretudo, percebe-se um notável cansaço em grande parte da população com estilo autoritário de gestão da presidente, que a levou ao confronto com a imprensa e o Poder Judiciário.
Tendo em conta sua personalidade e antecedentes políticos, o mais provável é que Cristina redobre agora sua aposta e aprofunde seu modelo de gestão.