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Primária ameaça projeto político de Cristina

Governo perde em províncias-chaves da Argentina em prévias legislativas; maioria no Congresso está sob risco

Se confirmado o cenário, será a pior derrota governista em dez anos, e presidente não terá chance de novo mandato

LÍGIA MESQUITA DE BUENOS AIRES

Os argentinos que foram às urnas no domingo nas primárias para o Legislativo deram um recado: não estão contentes com o governo de Cristina Kirchner. A votação serviu para definir os candidatos que disputarão o pleito de 27 de outubro.

Se os números se confirmarem, será a pior derrota do kirchnerismo na última década e estará enterrada a possibilidade de Cristina conseguir aprovar uma reforma constitucional para tentar o terceiro mandato, já que não terá dois terços do Congresso.

Apesar do fracasso, a coalizão governista Frente para a Vitória (FpV) ficou em primeiro lugar em números absolutos de votos (26%).

Em 2009, quando o governo também perdeu as eleições para o Legislativo, a soma de votos chegou a 32,1%.

O oficialismo perdeu em colégios eleitorais importantes, como a província de Buenos Aires, que soma 37,3% do eleitorado do país. No Estado, o opositor e ex-kirchnerista Sergio Massa, da Frente Renovadora, teve 35% de votos na lista para deputado, contra 29,6% do candidato Martín Insaurralde, da FpV.

Cristina não conseguiu manter a hegemonia da FpV na província natal de Néstor Kirchner, Santa Cruz. Também perdeu em Córdoba, Mendoza, Santa Fé e La Rioja --nesta última, o peronismo não perdia havia 30 anos.

"É o sinal do fim de um ciclo do kirchnerismo", diz à Folha a cientista política María Matilde Ollier, da Escola de Política e Governo da Universidade San Martín.

Para ela, é praticamente impossível que o governo reverta a situação em outubro. "A presidente vai usar todo o seu poder agora, vai se valer ainda mais da máquina estatal. E isso vai aumentar ainda mais a rejeição. Setenta por cento dos argentinos votaram contra ela."

Um dos líderes da oposição no Senado, Ernesto Sanz, da União Cívica Radical, diz que a derrota do governo foi contundente. "Estamos assistindo ao fim desse ciclo kirchnerista. É diferente de 2009, em que eles também perderam, porque agora está claro que não há mais futuro para esse modelo", afirma.

O voto opositor está definido, diz Sanz. "Mas vai haver [em outubro] uma recomposição da oposição. O voto útil será nos opositores."

Para o ex-embaixador na França Aldo Ferrer, ligado ao kirchnerismo, as primárias mostraram que há uma insatisfação em alguns setores.

Mas ele diz que a inflação não foi algo que pesou. "A economia está relativamente sólida, melhor que em 2009. A Argentina convive há muito tempo com a inflação. É uma febre controlada."

Na eleição de outubro, se renovam metade da Câmara (127 deputados) e um terço do Senado (24 senadores).

Nas primárias, os partidos que não alcançaram 1,5% dos votos deixaram o páreo.


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