São Paulo, domingo, 05 de janeiro de 2003

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VIZINHO EM CRISE

Governistas culpam oposição pelo aumento da violência; adversários afirmam que a greve continuará

Mortes geram mais protestos na Venezuela

DA REDAÇÃO

Centenas de pessoas participaram ontem de uma marcha, em Caracas, a favor do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e em protesto contra as duas mortes ocorridas em confrontos entre partidários e adversários do governo na sexta-feira. A oposição também intensificou a programação de manifestações.
A passeata culminou em um ato público, no qual os participantes exigiram "justiça" do governo em relação aos eventos de sexta-feira, que, além das mortes, causaram 78 feridos. Rafael Vargas, do partido oficialista MVR, afirmou que os dois mortos eram favoráveis ao presidente.
O deputado Darío Vivas, do mesmo partido, disse que a marcha de ontem foi "um protesto contra a ação da Polícia Metropolitana [sob controle do oposicionista Alfredo Peña, prefeito de Caracas", que causou as mortes".
Já Carlos Ortega, presidente da CTV, principal confederação sindical venezuelana e um dos líderes da oposição a Chávez, anunciou nove concentrações em diferentes cidades, numa demonstração de fôlego da greve "cívica" desencadeada a 2 de dezembro. "Vamos resistir até o fim", disse.
Os governistas também planejavam sair ontem às ruas, em marcha para a defesa da estatal de petróleo, paralisada com a greve geral de quase cinco semanas, o que provocou o colapso no abastecimento de combustíveis e a necessidade de importar gasolina.
As mortes de anteontem podem dar novo impulso à greve e radicalizar ainda mais a situação no país. Em 6 de dezembro último, as mortes de três pessoas em conflitos na capital levaram a oposição a endurecer sua posição.
Em abril do ano passado, após a morte de 17 manifestantes em Caracas, no episódio mais violento da longa disputa entre o governo e a oposição, um grupo de militares e empresários lideraram um malogrado golpe que desalojou o presidente do poder por dois dias.
Na última sexta-feira, Chávez declarou que poderá decretar lei marcial se a violência de rua prosseguir. Sua declaração foi feita após reunião com Cesar Gaviria, secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), que se encontra em Caracas com a missão, por enquanto infrutífera, de buscar uma solução negociada para a crise.
A oposição canaliza parte de suas energias para a proposta de convocação de um referendo consultivo para 2 de fevereiro. Os eleitores diriam se querem ou não o prosseguimento de Chávez, cujo mandato expiraria só em 2007.


Com agências internacionais.


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