São Paulo, domingo, 29 de dezembro de 2002

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CRISE NUCLEAR

Agência Internacional de Energia Atômica acusa Pyongyang de desrespeitar "obrigações internacionais"

Inspetores deixarão Coréia do Norte na terça

DA REDAÇÃO

Os inspetores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) que estão na Coréia do Norte deixarão o país depois de amanhã, disse o órgão, que é vinculado à ONU.
Pyongyang anunciou no dia 12 que retomaria as atividades de seu reator nuclear, fechado após um acordo feito em 1994 com os Estados Unidos. Anteontem, o governo norte-coreano exigiu a saída dos inspetores da AIEA do país.
"Eles estão fazendo as malas agora mesmo. Devem deixar Yongbyon [local onde funciona o reator norte-coreano] em direção a Pyongyang o mais rápido possível", disse Melissa Fleming, porta-voz da AIEA. "E deixarão a Coréia do Norte no primeiro vôo de terça-feira." Segundo a agência, três inspetores estão hoje no país.
Para o diretor-geral da AIEA, Mohamed El Baradei, "[a Coréia do Norte] é um país desrespeitoso em relação a suas obrigações internacionais". "Isso abre um grave precedente no regime de não-proliferação nuclear", disse.
A Coréia do Norte afirma que os inspetores não são mais necessários após a retomada de seu programa nuclear. Conforme o acordo de 1994, Washington se comprometia a, em troca do fim das atividades nucleares no país comunista, fornecer petróleo para a produção alternativa de energia.
Em outubro, os EUA anunciaram que o governo norte-coreano havia reconhecido, num encontro com o subsecretário de Estado James Kelly, que mantinha um programa nuclear secreto. No mês seguinte, Washington suspendeu o envio de petróleo, afirmando que o acordo não tinha mais validade.
Talvez o mais fechado regime do mundo, a Coréia do Norte foi classificada pelo presidente dos EUA, George W. Bush, como um dos componentes do que ele chamou de "eixo do mal", ao lado do Iraque e do Irã.
Pyongyang porém nunca reconheceu, perante a comunidade internacional, ter tal programa secreto. Apenas disse ter o direito de tê-lo. Os norte-coreanos afirmam que a reativação do complexo nuclear de Yongbyon é essencial para que o fornecimento de energia do país não entre em colapso.
Washington teme que o reator de Yongbyon possa fornecer plutônio para armas nucleares.

Ofensiva diplomática
A Coréia do Sul anunciou que vai mandar enviados à China e à Rússia, dois países com boas relações com a Coréia do Norte, para discutir os próximos passos a serem tomados em busca de uma saída para a crise.
O chanceler sul-coreano, Choi Sung-hong, falou ao telefone com Tang Jiaxuan, o chanceler chinês.
Logo após a conversa, Choi disse que os dois países "crêem ser melhor haver uma península coreana livre de artefatos nucleares".
Segundo o jornal "The New York Times", os conselheiros de Segurança Nacional do presidente Bush decidiram apoiar uma ação da AIEA para que o Conselho de Segurança da ONU declare que a Coréia do Norte está violando o Tratado de Não-Proliferação Nuclear e outros acordos.
A ONU poderia, então, impor penalidades aos norte-coreanos.
Essa estratégia serviria para tirar Washington do centro da crise, já que os EUA encontram-se num esforço militar para uma possível ação contra o Iraque.
A AIEA deve se reunir no início de janeiro. Se a estratégia der certo, ela poderia endereçar a questão à ONU em poucos dias.


Com agências internacionais


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