São Paulo, domingo, 05 de janeiro de 2003


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DO OUTRO MUNDO

Ocultismo e decoração diferenciada são opção acessível para interessados no tema

Ano Novo dobra ganho de esotéricos

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Você acredita em anjos? E em tarô, runas místicas, mitologia celta, magia? Acreditando ou não, pelo menos para um fato há que se dar o braço a torcer: o mercado de artigos esotéricos e de decoração diferenciada é uma opção de investimento a considerar para quem não tem muito dinheiro e se interessa pelo assunto.
A época de Ano Novo é especialmente prolífica para o setor, que chega a dobrar o faturamento por conta de quem quis deixar a casa repleta de "bons fluidos" para a virada do ano. A "purificação" do lar, no caso, é associada a incensos, velas e amuletos -nacionais ou importados- disponíveis nas lojas especializadas.
"As pessoas têm buscado métodos alternativos de se sentir bem consigo mesmas, com os deuses em que acreditam e com o ambiente. Esse mercado tem crescido muito nos últimos anos e tende a ser cada vez mais procurado no Brasil", diz a gerente comercial da rede de franquias Alemdalenda (loja de produtos lúdicos e de decoração relacionados a diversas crenças), Mônica Telles.
Romildo Coutinho, sócio e consultor da Innovation Consulting, é mais cauteloso. "O mercado é muito subjetivo, depende da fé de cada um. Existem produtos "clássicos" que vendem sempre, como incensos e velas, mas outros dependem de modismos", avalia.
Claudia Bittencourt, diretora da Bittencourt Consultoria Empresarial, diz que o mercado é bom, especialmente para os pequenos e médios investidores. Para escapar dos modismos citados por Coutinho, ela recomenda a diversificação. "É importante não trabalhar só com velas mas também com livros, cursos, palestras, seções de meditação", exemplifica.
Esse foi o caminho seguido por Lúcia Sousa Tomas, 44, proprietária da loja Hábitos Produtos Naturais. Além de comercializar ervas de todos os tipos, ela oferece produtos esotéricos e livros. "Se trabalhasse só com itens naturais ou só com os esotéricos, fecharia em muito pouco tempo", diz ela, que abriu o negócio há dez anos.
"Mas não é um mercado fácil de trabalhar. Levei cerca de sete anos para ter retorno e formar uma clientela fixa", acrescenta.
Rosalba Alves, 32, gerente da loja mais antiga da Alemdalenda ainda em funcionamento, diz que um dos pontos fortes do setor é a ausência de crises. "É nas dificuldades que as pessoas procuram melhorar, procuram abrigo na fé", opina ela, que planeja abrir um negócio próprio no futuro.
Mas em 2002 o setor teve sua própria crise com o descontrole do câmbio. Muitas lojas que trabalham exclusivamente com importados viveram dificuldades.
"Tivemos de trabalhar mais as estratégias de marketing e diminuir a margem de lucro", conta Carlos Alberto Pinheiros, 40, dona de uma loja Govinda, de artigos indianos. Tudo no local é importado da Índia, da Tailândia e do Nepal. A vantagem é a pouca concorrência. "Tem crescido bastante, mas ainda é menor do que em outros setores, por causa dos obstáculos para estabelecer rotas de comércio com esses países."
(RENATO ESSENFELDER)


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