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Abrir negócio na praia ou no campo para trabalhar menos não dá certo, alertam consultores
Sem planejar, desejo vira pesadelo
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Ponderar as vantagens e desvantagens de cada opção de negócio é passo obrigatório para quem
quer abrir uma empresa. Sem um
plano de negócios cuidadoso, a
tão sonhada pousada na praia pode fechar em seis meses -isso se
chegar a deixar de ser um sonho.
"A idéia de criar uma empresa
para descansar não é realizável.
Tudo dá trabalho", avisa o professor da FGV-Eaesp Tales Andreassi. Ele lembra que a principal armadilha para quem quer realizar
o sonho de empreender para viver melhor é "o próprio sonho".
"As dificuldades na "nova vida"
tendem a aumentar: na praia, há
sazonalidade; no interior, consumidores resistentes a novidades."
Enquanto as vantagens de um
negócio longe dos centros urbanos são bem conhecidas (menos
tráfego e poluição, mais verde e
segurança), as desvantagens acabam sendo negligenciadas.
A perda de status é uma delas.
"Quem trabalhava como executivo e tinha uma sala grande tende a
fazer uma decoração de luxo só
para mostrar aos parentes e amigos que fez a escolha certa, enquanto deveria racionalizar os
gastos", diz Enio Pinto, do Sebrae.
À beira-mar
Na área de hotelaria -um dos
xodós dos que querem "desestressar"- há especificidades que
merecem atenção redobrada.
"As pessoas vêem a atividade
com olhos de turista, e não de empresário. Não sabem que dá trabalho 24 horas", alerta Sônia Miranda, da associação de dirigentes
de escolas de turismo e hotelaria.
O estudante Mário Negrette Júnior, 22, que está construindo
uma pousada em Ilhabela (litoral
norte de SP) acrescenta outro
obstáculo para consumar a empreitada. "Em áreas de preservação ambiental há alguma dificuldade para conseguir toda a documentação legal", diz. "Mas é o
meu sonho e não arredo o pé",
completa ele, que tem parentes
morando na região litorânea.
O consultor e professor de hotelaria Antoine Marioli, é otimista.
Segundo ele, quem faz a "lição de
casa" tem grandes chances de sucesso ao abrir uma pousada. "É
difícil não dar certo, basta ter algum tipo de atrativo, saber cativar
quem mora por perto e não focar
só nos turistas estrangeiros."
A "lição de casa", nesse caso,
compreende convênios com
agências de viagem, segmentação
do público-alvo e, principalmente, um planejamento financeiro
austero -pois o retorno do investimento pode levar até seis
anos. "É de longo prazo, mas é seguro", conclui Marioli.
Talmir Duarte da Silva, 50, dono
de pousada em Florianópolis e diretor da seção de pousadas e pequenos hotéis da ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), tem boas notícias: o mercado não está saturado. "Sempre há
lugar para quem quer fazer bem
feito, para quem não se precipita."
A entidade não tem dados sobre o
número de pousadas no país.
Segundo ele, uma pousada pequena, de até dez quartos, é algo
"tranquilo de gerenciar".
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