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ARTE & ESTILO

Cantor latino quer atrair sem tradução

Anthony Santos, conhecido como Romeo, começou sua carreira musical com a banda Aventura

Por LARRY ROHTER

Nos últimos dez anos, Anthony Santos, o vocalista do grupo de bachata Aventura, vem sendo uma espécie de segredo escondido em plena vista de todos. Embora sua banda regularmente lote arenas e venda milhões de discos, Santos, cujos fãs latinos o conhecem como Romeo, permanece praticamente anônimo fora do mundo de língua espanhola.

Isso pode estar prestes a mudar. Santos, 30 anos, acaba de lançar seu primeiro CD solo, "Formula Vol.", que inclui participações de Usher e Lil Wayne, além de artistas de língua espanhola como o violonista de flamenco Tomatito e o rapper la Mala Rodríguez.

Além disso, ele está prestes a filmar uma sitcom para a ABC que será ambientada em Washington Heights, Manhattan, sobre um jovem americano de origem dominicana e a relação dele com seu pai imigrante.

"O que eu posso fazer que já não fiz no Aventura?" foi o pensamento que passou em sua cabeça, disse Santos, quando o grupo decidiu fazer uma pausa em suas atividades para que seus integrantes cuidassem de seus projetos solo. "Eu sempre quis experimentar cantar em outros gêneros. Mas, ao mesmo tempo, não quero que as pessoas pensem que desisti de ser 'bachatero'."

A bachata é um estilo de música dançável baseada em cordas e percussão, nascido nas favelas e nos canaviais da República Dominicana e levado aos Estados Unidos por gerações de imigrantes dominicanos.

O Aventura, cujos membros, com a exceção de um, nasceram em Nova York, modernizou o gênero, cantando em um misto de espanhol e inglês e dando destaque central para a voz de Anthony Santos, um tenor alto que beira o falsete.

A maioria das gravações do grupo foi feita independentemente de grandes gravadoras ou produtores famosos, mas o CD de Santos está saindo pela Sony. Foi essa empresa que levou ao sucesso no mercado anglófono músicos latinos como Marc Anthony, Gloria Estefan, Ricky Martin e Shakira.

Todos estes, porém, fizeram sucesso nesse mercado com álbuns cantados em inglês. Anthony Santos insistiu que a maioria das canções em seu trabalho solo inicial fosse cantada em espanhol ou espanglês, o misto de espanhol e inglês que parece ser seu modo de comunicação preferido.

De acordo com o censo de 2010, a população hispânica dos Estados Unidos já passa dos 50 milhões, fazendo dos latinos o menor grupo minoritário do país. Dos hispânicos de até 18 anos de idade, um dos públicos principais de Anthony Santos, mais de 90% nasceram nos Estados Unidos e muitos são bilíngues e biculturais.

Eles também formam um mercado muito atraente para artistas de hip-hop, R&B e pop, muitos dos quais parecem estar tão interessados quanto Santos em fazer um "cross-over". "Estamos fazendo história", comentou Usher no vídeo "making of" que acompanha "Promise", uma faixa em que ele canta bachata com Anthony Santos.

George Noriega é um letrista e produtor cubano-americano que já trabalhou com Jennifer Lopez, Gloria Estefan, Ricky Martin e Shakira e ganhou um Grammy. Santos o trouxe para trabalhar em "Promise".

"Ouvir Usher numa bachata é bacana, é inovador", disse Noriega. "Você já sabe que quando essa música chegar às rádios americanas, criará uma sensação não sentida antes."

Ainda é cedo para saber como "Formula" vai se sair comercialmente, mas o primeiro single do álbum, "You", passou sete semanas no topo das paradas latinas neste verão, e "Promise", lançado no mês passado, também já foi n° 1 nas paradas.

Para Santos, a fusão de estilos musicais é natural para alguém de sua geração e suas origens.

"Nasci e fui criado no Bronx. Uma das grandes coisas de ter crescido ali naquele lugar é que fui exposto a muitos gêneros diferentes", ele comentou.

"Eu descia o quarteirão, e em uma esquina ouvia bachata, na outra, salsa, e é claro que havia hip-hop e R&B em todo lugar. Para mim é muito natural ter essas combinações e falar em espanglês."

Indagado se o grande público de língua inglesa está pronto para dar esse salto, Santos disse que não sabe. "Simplesmente achei que, se eu vou fazer um cross-over, por que o público inglês não poderia fazer o mesmo e mergulhar no meu mundo?", respondeu.

Então ele recorreu ao espanhol para citar um ditado: "De los cobardes, no se ha escrito nada" (dos covardes, não se escreveu nada).

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