Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

New York Times

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Guia para vida adulta foca geração milênio

Independência também é comprar papel higiênico

Por AIMEE LEE BALL

Kelly Williams Brown percebeu que ainda não havia ingressado na idade adulta quando estava se mudando para um apartamento novo e sua mobília, feita de aglomerado, se desintegrou na chuva.

Brown, 28, redatora de publicidade em Portland, no Oregon, decidiu agora que servirá como fonte de conselhos para sua geração -a geração milênio- formada por pessoas que ingressaram na vida adulta no ano 2000.

Seu primeiro livro, "Adulting: How to Become a Grown-Up in 468 Easy(ish) Steps", tem por objetivo ajudar as pessoas na casa dos 20 anos que estão começando a descobrir que comida não aparece magicamente na geladeira.

"Um dos dias mais chocantes da vida surge na primeira vez que o papel higiênico de sua casa acaba", diz Brown.

"Até aquele momento, era como se o papel higiênico simplesmente surgisse sem esforço".

A ideia do livro (cujos direitos acabam de ser adquiridos para a televisão por J. J. Abrams, produtor-executivo da série "Lost") foi refinada quando Brown trabalhou como repórter e consultava seus amigos para uma coluna sobre as capacidades e as posses que eles achavam que deveriam ter quando chegassem aos 30 anos.

Esses conselhos ajudam a dar forma ao livro, acompanhados por sugestões de um séquito de "especialistas": mecânicos, gurus de etiqueta, conselheiros sobre como enfrentar perdas e um cirurgião que diz (no passo 274 dos 468 que compõem o livro) que "usar heroína, desde que com agulhas limpas, seria quase melhor que fumar".

Os conselhos que Brown oferece cobrem muitas questões pessoais e profissionais, de orientação de carreira (n° 176: "Não roube mais de US$ 3 em material de escritório por trimestre") a culinária (n° 74: "Farelo de soja propicia uma energia incrível, quase como cocaína, se cocaína fizesse muito bem à digestão e não arruinasse vidas").

Uma situação que acabou sendo limada do texto é como ajudar uma amiga que vai fazer um aborto. "É algo que encontrei muitas vezes", diz Brown, "mas é uma questão pessoal demais e eu não queria assustar as pessoas".

A maioria das coisas que parecem desastres aos 21 anos não o são -ainda que Brown simpatize com as vítimas. "O que me causa angústia não é que meus amigos estejam se casando e eu não", diz, "mas sim abrir minha gaveta de verduras na geladeira -que está cheirando mal porque eu fui otimista e imaginei que um dia aprenderia a cozinhar couve- e descobrir que só sobrou uma gosma verde por lá."

Quanto aos romances entre colegas de trabalho, ela é rigorosa (n° 163: "Viva sua vida como se todo mundo no escritório tivesse a virilha genérica de uma boneca de plástico"), mas tolerante (n° 162: "Ter um caso irrefletido com um colega de escritório é a catapora da vida profissional, portanto talvez seja melhor que você passe por isso o mais cedo possível").

Brown agora tem mobília de verdade (e um namorado), ainda que sua despensa inclua uma escolha responsável de cereal matinal acompanhada por uma guloseima estilo "eu tenho sete anos de idade". (Isso está em uma seção do livro chamada "Comprando Comida para Não Morrer".)

Brown diz que nem sempre se sente adulta, mas que não está escrevendo "para exorcizar demônios": "Quero dar informações úteis às pessoas e não quero que elas se sintam inferiores. As ideias que ofereço não são julgamentos morais".

De fato, parte de seu estímulo para escrever o livro era defender a geração milênio contra as alegações de que seus integrantes são jovens privilegiados e egocêntricos.

"As pessoas que conheço de minha faixa etária não são caricaturas como essa, de adultos infantilizados", diz Brown.

"Eles não passam seu tempo mandando fotos via Instagram daquilo que comeram no brunch. Como todas as gerações, eles às vezes enfrentam dificuldades e às vezes se saem bem no complicado processo de se tornarem adultos."


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página