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Aurélie Filippetti

Ministra trava luta cultural

"Não temos mais as mesmas necessidades e estamos em um período de crise financeira. Não estamos em Versalhes"

Por STEVEN ERLANGER

PARIS - Aurélie Filippetti, neta de um imigrante italiano que trabalhou nas minas de carvão da França, está encontrando seu próprio caminho pelos alçapões e túneis da austeridade e do esnobismo.

Com apenas 41 anos, uma escritora de ficção que saiu do Partido Verde, dedicado a questões ambientais, para entrar no Partido Socialista, ela sobreviveu a um duro primeiro ano como ministra da Cultura e Comunicação da França, sentada em uma cadeira que já foi ocupada por notáveis como André Malraux, Françoise Giroud, Jack Lang e, mais recentemente, Frédéric Mitterrand, sobrinho do ex-presidente.

Foi Lang quem disse que "a economia e a cultura travam a mesma batalha". Isso nunca foi mais verdadeiro do que hoje, quando o presidente François Hollande luta para reduzir os gastos públicos.

Filippetti foi inundada de críticas por sua suposta falta de liderança e visão. Mitterrand foi especialmente duro com ela.

"Filippetti tem uma abordagem totalmente dogmática", disse ele recentemente ao jornal "Le Figaro". "Os socialistas simplesmente não têm visão cultural."

Filippetti disse ter achado as acusações "um pouco tristes".

Os noticiários tenderam a se concentrar em sua juventude, seu visual, seu cabelo e seus vestidos.

Filippetti afirmou que tem a visão de uma cultura nacional mais representativa, que seja menos "extravagante" e que tente alcançar os pobres e esquecidos subúrbios franceses. Ela disse que não irá se concentrar tanto em projetos de "prestígio", tão amados por outros presidentes franceses.

"Devemos modificar radicalmente essa imagem um tanto extravagante de política cultural para despertar em todas as nossas regiões uma ligação com a cultura e a promoção cultural como alavanca de interesse econômico por nosso país", disse.

Filippetti é uma feroz defensora da "exceção cultural" na França -o sistema de cotas e subsídios para a produção nacional- para preservar a "diversidade" de uma importante indústria francesa.

O Ministério da Cultura é mais importante para os franceses que outros órgãos. O ministério tem tudo a ver com identidade e orgulho. Existe também um elemento de comércio, já que a França cultiva muito sua reputação de país produtor de civilização, arte, dança, museus e literatura.

Também é um empregador importante, com cerca de 27 mil funcionários e mais de 1.200 museus que atraem milhões de visitantes, assim como é responsável por monumentos como a torre Eiffel.

Os gastos do Estado em cultura caíram neste ano e cairão mais 2,8% em 2014, para um valor estimado em US$ 3,12 bilhões.

Filippetti disse que tem uma estratégia para lidar com isso. Hoje, afirmou, "as pessoas estão na internet e comunicam-se pela mídia social. Não temos mais as mesmas necessidades e estamos em um período de crise financeira. Não estamos em Versalhes".

Mas, enquanto fazia cortes, ela tentou "combater as desigualdades", mantendo o financiamento para as regiões, especialmente para teatro e arte, "de modo que os cortes orçamentários não agravem os desequilíbrios entre Paris e as províncias".

Filippetti disse que aplicou mais verbas no Museu da História da Imigração. "Faz parte do reconhecimento daqueles que vivem nos subúrbios, que muitas vezes são de origem imigrante."

Assim como ela. Seu avô e seu pai foram mineiros e comunistas. Ao responder por que tantos no norte francês aderiram à extrema-direita, ela disse que essa é uma região que sofreu com a desindustrialização e também com duas ocupações alemãs.

"Isso corresponde a um sentimento de perda muito forte", disse. Com poucos empregos e sindicatos fracos, "há uma sensação muito clara de abandono -as pessoas se sentem sozinhas".


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