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EFEITOS DA VERTICALIZAÇÃO
Na quarta-feira passada,
com a decisão do Supremo
Tribunal Federal de manter a chamada verticalização das alianças partidárias no pleito de outubro, a disputa
política ganhou um curso mais definido. Em princípio, ficou mais custoso às legendas que não disponham
de uma chapa competitiva lançar um
candidato à Presidência. Se esse
constrangimento redundar em uma
rarefação de postulantes ao Planalto,
então crescerá a chance de que a eleição seja liqüidada no primeiro turno.
De imediato, o veto a coalizões estaduais que contradigam as seladas
para a Presidência atinge em cheio o
PMDB. A certeza da verticalização
deu mais força aos que, na legenda,
advogam o abandono da disputa pelo Executivo federal -seja com uma
chapa própria, seja apoiando formalmente um candidato de outra sigla.
Deve ganhar adeptos o grupo que,
amparado numa lamentável "canetada" do presidente do Superior Tribunal de Justiça, sabotou a consulta
de domingo passado do PMDB sobre a candidatura presidencial. O argumento de que o partido será prejudicado em seus palanques regionais
se tomar parte na disputa pelo Planalto será levado em conta. Pensada
para "nacionalizar" o comportamento dos partidos, a verticalização
acaba premiando as legendas que
abrem mão da eleição federal -elas
ficam livres para firmar qualquer
aliança nos Estados.
Na hipótese de o PMDB ficar fora
da eleição presidencial, a capacidade
de conquistar votos do grupo dos
candidatos "nanicos" será o divisor
de águas entre um pleito de dois turnos e uma disputa de rodada única.
Daí o relativo peso que passam a ter
definições como a da senadora Heloísa Helena, em tese a presidenciável do esquerdista PSOL, mas também cotada para concorrer ao governo de Alagoas.
Um confronto de tiro curto favorece de saída aquele que, no início do
período crítico da campanha (os 45
dias de propaganda no rádio e na
TV), parte em melhores condições
que seu adversário direto -o oponente tem menos tempo para reverter sua desvantagem. Se forem tomados os dados da pesquisa Datafolha
publicados no domingo passado, o
beneficiado, hoje, seria o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, mas nada
garante que os parâmetros sejam os
mesmos em meados de agosto.
Com ou sem o peemedebista Anthony Garotinho na disputa, a primeira resposta do eleitorado à definição do nome do candidato do PSDB
sugere o início de uma polarização
entre o petista e Geraldo Alckmin.
Caso esse resultado inicial se transforme em tendência, o pleito de outubro ganhará contornos de plebiscito, promovendo uma repartição dos
brasileiros conforme aprovem ou desaprovem os quatro anos da gestão
Lula. É essa a regra que vigora quando um candidato à reeleição está na
disputa em democracias como a dos
EUA, cujo espectro político é ocupado por duas agremiações.
Infelizmente, o comportamento
até aqui dos dois principais concorrentes não promete oferecer ao eleitor plataformas alternativas. Sobre a
economia, Alckmin e Lula falam a
mesma língua e ouvem conselheiros
formados na mesma escola. Também está difícil detectar em que se diferenciam em outros tópicos importantes da gestão federal, como saúde, educação e assistência social.
A disputa pelo principal cargo da
República não deveria reduzir-se a
um choque de personalidades.
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