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AS VÍTIMAS DE SEMPRE
Em 2001 e 2003 , quando o governo Bush propôs -em nome
da necessidade de reanimar a economia, abalada pela queda brusca do
mercado de ações- cortes pronunciados e permanentes de impostos,
várias vozes críticas se levantaram.
Muitas apontaram o caráter elitista
da iniciativa, que beneficiava sobretudo as famílias de renda mais alta, e
para o risco de que tivesse baixa eficácia, dado que os ricos têm menor
propensão a aumentar seus gastos.
Alguns observadores, como o economista Paul Krugman, foram além,
ao sugerir que a proposição de reduções permanentes de impostos visava, mais do que reanimar a economia
a curto prazo (para o que bastariam
diminuições temporárias da tributação), criar condições para que o Congresso viesse, no futuro, a acolher
proposições da ala mais conservadora do Partido Republicano.
Essa corrente política defende cortes agressivos em programas sociais,
como a assistência à saúde, e nos
gastos previdenciários -as vítimas
de sempre nos ajustes fiscais. São
propostas que, em condições de normalidade, tendem a receber forte
oposição na sociedade e no Parlamento. No contexto de uma crise fiscal, no entanto, a resistência a cortes
desse tipo tende a ser diluída.
Uma crise fiscal é exatamente o que
está em gestação, pela ação combinada dos cortes permanentes de impostos e da perspectiva de aumento
dos gastos previdenciários e com assistência médica, devido ao envelhecimento da chamada geração do
"baby boom".
Até agora, muitos vinham considerando fantasiosa essa "teoria conspiratória" levantada por Krugman e
por outros críticos de Bush. No entanto crescem os elementos a indicar
que as suspeitas eram fundadas. A
evidência mais recente, e mais eloqüente, surgiu há dias, num depoimento do presidente do Federal Reserve (o banco central dos EUA), o
republicano Alan Greenspan, ao
Congresso norte-americano.
Falando de sua preocupação com
relação ao crescente déficit público,
Greenspan afirmou que aumentar
impostos seria a última alternativa.
Em contrapartida, recomendou explicitamente aos congressistas que
cortem os gastos sociais.
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