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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
2003: A esperança de um Brasil melhor!
Chegamos ao fim de 2002 com
resultados espetaculares no campo das exportações. O Brasil mostrou
que pode tornar-se um país exportador de grandes proporções e competir
com as economias da Ásia, da Europa
Central, da América Latina e de outras
regiões em desenvolvimento.
O grande estímulo ao aumento das
exportações foi a flexibilização da política cambial no início de 1999 e, ultimamente, a forte elevação do valor do
dólar. Persistiram os demais problemas, como é o caso da alta tributação,
dos juros estratosféricos, dos enormes
encargos sociais, do exagerado custo
dos portos etc.
Nenhum desses obstáculos está presente na China, na Coréia, em Taiwan,
na Europa Central e nas nações mais
desenvolvidas. O que seria das exportações americanas se, em lugar de pagarem 3% de juros anuais, os produtores tivessem de pagar 60% por ano,
como os brasileiros? O que seria das
exportações da Europa Central se os
produtores da Hungria, da Polônia, da
Romênia e de outros países tivessem
de arcar com 100% de encargos sociais
para contratar trabalho, em lugar de
30% -na média? O que seria das exportações da Coréia do Sul e de Taiwan se a carga tributária daqueles países fosse de 34% do PIB, em lugar de
20%?
Com as reformas estruturais prometidas pelo novo governo, o Brasil vai se
tornar ainda mais competitivo. Nem
será preciso um dólar tão alto que, como se sabe, fere fundo o programa de
combate à inflação. Os recursos naturais e a disciplina de trabalho são
abundantes no Brasil. Isso pode nos
levar muito longe no campo das exportações.
Progredimos bastante ao longo dos
últimos anos. O Brasil que Fernando
Henrique Cardoso nos deixa é bem
melhor do que aquele que ele recebeu.
É claro que muitos problemas persistem. Mas não se pode ignorar a previsibilidade trazida pela estabilização da
moeda, assim como não se devem subestimar a estabilidade política trazida pela consolidação das instituições
democráticas e o clima de liberdade
em que aqui se vive -o que permitiu,
em outubro passado, o belo festival
nas eleições de parlamentares, governadores e presidente da República.
Tampouco se podem deixar de lado
os avanços introduzidos no controle
das contas públicas, em especial a Lei
de Responsabilidade Fiscal. Da mesma forma, há que se computar como
saldo a substancial elevação da eficiência das empresas, conquistada pela melhoria da produtividade técnica e
pelos métodos de gestão.
O Brasil de hoje, com todos os seus
problemas, é melhor do que o Brasil
de ontem e tem tudo para ser muito
melhor do que o Brasil de amanhã.
Entraremos no novo ano com um novo governo, apoiado pela esmagadora
maioria da população e com enorme
vontade de acertar. É hora de colaborar. Por isso desejo a todos um 2003 de
muito trabalho para termos a alegria
de ver os nossos sonhos concretizados. Feliz ano novo!
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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