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Tragédia na eleição

Piloto não reportou qualquer problema técnico, diz Saito

Na última comunicação com operador, Marcos Martins disse que aguardaria melhoras nas condições do tempo

Comandante da Aeronáutica descarta envolvimento de drone ou ave no acidente que matou Eduardo Campos

ELIANE CANTANHÊDE COLUNISTA DA FOLHA

A última comunicação gravada do piloto Marcos Martins com o operador de rádio da Base Aérea do Guarujá não indica preocupação nem se refere a qualquer problema técnico no Cessna 560 XL.

Martins avisou ao rádio que estava arremetendo, ou seja, abortando a aterrissagem, quando o operador lhe perguntou sobre "suas próximas intenções". Ele respondeu: "Vou aguardar a melhoria de condições do tempo".

Até agora, a única frase divulgada de Martins havia sido gravada pela Torre de Controle de São Paulo, não pelo rádio de Santos, e foi antes da arremetida.

A informação é do comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, que fez um relato nesta sexta-feira (15) para a presidente Dilma Rousseff sobre o estágio das investigações.

Leia trechos da entrevista dele à Folha.

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Folha - O que houve com a gravação da caixa-preta?
Juniti Saito - As conversas entre os pilotos não foram gravadas e as últimas vozes são de mecânicos no solo, mas são conversas sobre sistemas, nada relevante para a investigação.

Por que não gravou?
Estamos fazendo consultas ao fabricante e à empresa de manutenção, porque isso não é usual.

O quanto prejudica as investigações?
Nós temos outros fatos e fatores para analisar, como as condições das turbinas e dos flaps e as gravações dos radares. Mesmo as turbinas estando danificadas, há boas condições de análise.

A FAB trabalha com a hipótese de "desorientação espacial"?
Todo acidente, mesmo quando o fator principal é falha mecânica, tem a mão humana, seja dos pilotos, seja dos mecânicos. Mais de 80% dos acidentes ocorrem por falha humana.

Foi detectada alguma falha mecânica até agora?
Só temos certeza de que o trem de pouso e os flaps estavam recolhidos, funcionaram. Mas nada pode ser descartado, tudo entra na investigação.

Inclusive a hipótese de choque com drones?
Isso é coisa de quem quer tumultuar a investigação. Existe, sim, uma Notam (nota da Aeronáutica para pilotos) citando drones, mas a 20 km da pista, e esses drones pequenininhos só voam por instrumento a 300, 400 metros. E com chuva, vento forte, se o dono puser para voar, vai perder o drone dele.

E com pássaros?
É a mesma coisa. Sabe aquele jargão dos pilotos? "Com o tempo ruim, até urubu fica no chão". Urubu e drones não voam naquelas condições [do dia do acidente, de chuva e vento].

O avião realmente apresentou fogo e fumaça ainda voando?
Isso, sinceramente, é coisa de quem não conhece bem... É muito difícil achar que tinha fogo e fumaça no ar, até porque o piloto não comunicou ao rádio hora nenhuma. Então, como as pessoas conseguiam ver fogo, fumaça, se o tempo estava ruim, fechado, chovendo muito?

O sr. sabe qual foi a última comunicação do piloto?
Ele comunicou ao rádio [da Base do Guarujá] que estava arremetendo. O operador falou: "Suas próximas intenções". Então, ele disse: "Vou aguardar a melhoria de condições do tempo". Foram suas últimas palavras. Depois, o operador do rádio chamou uma, duas, três, quatro vezes, sem retorno.

Como foi sua conversa com a presidente?
Ela é muito perguntadora. Fiz um relato do que temos até agora, com a simulação do voo e o andamento das investigações. Não é muita coisa, mas é o que temos.

O avião passou mesmo entre dois prédios?
Vi um delegado falando isso na televisão, mas nossa simulação não inclui isso. O importante é que foi muita sorte não matar ninguém no solo. Não teve vítimas e seguramente era para ter [no solo].

O sr. está otimista quanto aos resultados da investigação, só com destroços e sem a gravação da caixa-preta?
Nosso sistema de investigação é reconhecido internacionalmente como um dos melhores do mundo. Só ficamos atrás do Canadá e empatamos com a União Europeia, com 96 a 97% de aprovação. Peço que confiem na Força Aérea, não vamos entrar no jogo político.


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