Marina
Rosenfeld
Karina Costa (colaboração)
especial para o GD
Há nove anos, o baiano Luiz Amorim, morador da cidade
de Brasília, resolveu transformar seu açougue
em biblioteca. Analfabeto até os 16 anos, o empresário
começou expondo dez livros no estabelecimento -- e
não parou de aumentar o acervo até conseguir
que a casa de carnes T-Bone ficasse conhecida como Açougue
Cultural T-Bone.
Na época, enfrentou resistência da Vigilância
Sanitária do Distrito Federal, que não compreendia
como carnes e livros podiam viver misturados. Hoje, com sua
biblioteca legalizada, o açougue cultural promove lançamentos
de livros, recitais de poesia e até shows de grandes
músicos.
A paixão por livros fez com que a iniciativa fosse
para além do açougue. Desde a semana passada,
qualquer pessoa que pegar ônibus na parada 712/713,
na W3 Norte, em Brasília, poderá ler livros
enquanto estiver esperando pela condução. Amorim
conseguiu patrocínio para que no local fosse montado
o Ponto de Cultura-Biblioteca Popular.
Com mais de 6.000 exemplares, a biblioteca funciona vinte
e quatro horas por dia e empresta livros a qualquer cidadão
que preencher um cadastro mínimo. Os livros ficam guardados
dentro de um armário-estante, especialmente projetado
para esse fim. No horário comercial há um atendente
para orientar os usuários. À noite e aos domingos,
os livros ficam sozinhos, à espera de quem esteja interessado
em lê-los. Basta pegar o livro e, se quiser levá-lo
para casa, anotar em um caderno o nome e o título da
obra emprestada.
Os livros mais raros e os mais procurados, cerca de mil volumes,
ficam guardados dentro do armário no período
da noite.
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