A
utilização do ecstasy é crescente no
país, afirma a psicóloga Stella Pereira de Almeida
em sua tese de doutorado da USP (Universidade de São
Paulo). De acordo com o estudo -para o qual ela entrevistou
1.140 pessoas-, 55,3% dos participantes haviam experimentado
a droga dois anos antes da pesquisa.
A maior parte dos entrevistados
(59,7%) havia usado a droga pelo menos uma vez nos 30 dias
que antecederam a pesquisa, realizada em 2005. Dos entrevistados,
62,4% achavam "fácil" obter a droga, que
ainda é consumida prioritariamente por pessoas das
classes A e B, categoria da qual fazem parte 94,2% dos entrevistados.
"Isso mostra que o acesso está mais fácil
e o uso mais freqüente. Além disso, quanto mais
jovem a pessoa entrevistada era, mais jovem ela havia usado
pela primeira vez", afirmou a pesquisadora.
De acordo com Érica Asfora, presidente do Cead-RJ (Conselho
Estadual Antidrogas do Rio), o aumento do uso da droga pode
ser medido pelo acréscimo no número de atendimentos
no ambulatório do conselho. Até outubro deste
ano, foram atendidos 86 dependentes de ecstasy, o que representa
10% a mais em relação ao mesmo período
de 2004.
"Esse número deve ser bem superior do que medimos,
já que o perfil do usuário é de classe
média e média alta e poucos devem procurar nosso
ambulatório, que é gratuito. A maior parte dos
que se tratam procura as clínicas particulares. Mesmo
assim, já indica um aumento na dependência da
droga."
A dependência também foi constatada na pesquisa
de Stella para a tese de doutorado que ela defendeu na USP.
Dos participantes, 64,7% afirmaram que o ecstasy causa dependência.
Ela identificou ainda que a maior parte dos usuários
de ecstasy consome a droga concomitantemente com outras substâncias:
69% o usam com álcool, 68,8% com a maconha e 40% com
inalantes.
Um relatório de junho do Escritório das Nações
Unidas contra Drogas e Crime (UNODC) mostrou que a apreensão
da droga no mundo subiu de 5 toneladas, em 2003, para 8 toneladas,
em 2004.
A Argentina, o Brasil e o Uruguai apresentaram alta nas apreensões
da droga, fabricada principalmente na Europa, onde está
metade das apreensões de todo o mundo.
No Brasil, embora não haja dados sobre mudança
comportamental quanto ao uso de ecstasy, o aumento de apreensões
é avaliado como parâmetro de medição
do consumo da droga.
As informações são do jornal Folha de
S.Paulo.
|