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Erika Vieira
Paredes coloridas, almofadas no chão,
prateleiras cheias de gibi e livro infantil são elementos
perfeitos para que as crianças saiam de suas casa e vão fazer
a tarefa escolar no ambiente descontraído da Biblioteca Comunitária
UNAS Heliopólis.
Desenvolvida para atender a comunidade, a biblioteca faz parte
do programa “Identidade Cultural de Heliopólis”, idealizado
pelo arquiteto Ruy Ohtake. Para isso, ele contou com o apoio
da bibliotecária Elisa Machado, do professor José Castilho,
ex-diretor da Biblioteca Municipal de São Paulo e do professor
e critico literário Antônio Cândido.
“Espero que seja o ponto de cultura de Heliopólis, de subsidio
pedagógico, cultural e social para os projetos de cultura
já existentes. Só tem sentido se a biblioteca for fomentadora
de projetos já existentes em Heliopólis”, declara Elisa Machado.
Ruy Ohtake conta que criou pensando na formação do jovem que
será o futuro líder da comunidade e precisa estar mais sensível
aos acontecimentos do mundo. “Quero que a biblioteca seja
o ponto de convergência para quando o garoto, o adolescente
e o adulto irem procurar um livro, uma revista, emprego. Seja
um ponto de ventilação das idéias, vendo o que está acontecendo
dentro e fora de Heliopólis pelo jornal”, diz. O resgate da
identidade Cultural de Heliopólis é o primeiro passo para
a inclusão espacial -fazer com que a comunidade seja um bairro.
Inaugurada no começo do mês a biblioteca já disponibiliza
cerca de 1700 livros, dos mais variados títulos como Shakespeare,
Luis Fernando Veríssimo, Jorge Amado, Eça de Queiroz, Mario
Prata, Ariano Suassuna, Agatha Chirstie, além de livros de
legislação, direito, artes, humor entre outros. Os grandes
clássicos também dividem espaço com revistas, jornais e diversos
periódicos. “Tomamos o cuidado com o público, de suprirmos
a demanda da comunidade colocando também jornal com classificados
para os desempregados”, explica Elisa.
A fundamental importância da construção é que fosse dentro
das ruelas da favela, ao lado do boteco e da lojinha, no local
em que o adulto e a criança passam, para isso, foi reformada
duas casinhas na rua da mina, região central de Heliopólis,
esclarece Ohtake. A proximidade é um dos elementos que ajudou
a população, “as bibliotecas que existem por aqui são muito
longe, leva uma meia hora para chegar”, fala Felipe Garcia,
18 anos, um dos monitores da biblioteca.
Os funcionários também são da comunidade, no total de cinco
monitores, estudantes do ensino médio que recebem bolsa-auxilio
de um salário mínimo pela Lei do Aprendiz. Eles estão sendo
capacitados para autogerirem o espaço. “Espero que a biblioteca
resgate o pessoal para dentro desse ambiente, porque a gente
já não tem muito no que se apegar”, diz o monitor José Augusto
de Oliveira, 18 anos.
Há planos para que o ambiente cultural se integre ainda mais
com a comunidade, escritores, poetas e artistas locais irão
promover leitura nas ruas. Os moradores também iram sugerir
as novas aquisições de livros, com base no gosto literário
deles. A Biblioteca Comunitária de UNAS
está servindo de referência para estudiosos de outros paises.
Professores de Madri, Barcelona, e um grupo de franceses já
visitaram o local.
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