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IGUATU (CE) - Um grupo de adolescentes
da localidade Tanque, na zona rural do Município de
Iguatu, encontrou na música um meio de integração
social e de manifestação artística. Sem
condições de aquisição de instrumentos
de percussão, eles improvisaram tambores utilizando
baldes de margarina. Formaram o grupo “Unidos na fé”,
que anima celebrações católicas nas comunidades.
Além das músicas de
cunho religioso, o grupo aprende composições
diversas que incluem repertório do folclore nordestino,
forró, xote, baião, samba e música popular
brasileira. Sob a sombra de uma acácia, às margens
da rodovia CE-282 (Iguatu – Jucás), adolescentes
do sítio Tanque ensaiam quase que diariamente as músicas
que nos finais de semana animam as celebrações
em muitas capelas da região.
Faltam condições para
aquisição de bons e novos instrumentos, mas
sobram esforço e dedicação. A formação
do grupo é mais recente, a partir do ano passado. Mas,
há nove anos, que os irmãos, José Marcos,
15 anos, e Antônio Carlos Silva, 17 anos, começaram
a cantar e tocar. Inicialmente usaram latas de querosene e
conseguiram emprestado um triângulo.
Na escola de ensino fundamental José
Rodrigues, no sítio Córrego, o grupo fez as
primeiras apresentações por ocasião de
datas comemorativas. Uma das músicas preferidas e mais
pedida é “Asa Branca”, composição
do iguatuense Humberto Teixeira. As crianças caiam
no arrasta-pé. O clima de festa e de alegria contagiava
todos. Ainda hoje, o grupo anima as festinhas do colégio.
Nos ensaios, forma-se uma roda em
frente à casa dos irmãos Silva. Pais, parentes
e vizinhos acompanham a garotada aprendendo a tocar e cantar
o repertório. No chão de terra, alguns arriscam
e dançam forró com muito jeito e animação.
É tempo de festa, apesar das dificuldades, da falta
de chuva e da lavoura que está morrendo na roça,
próxima.
A partir de 2004, o grupo foi formado.
Veio José Ribamar de Freitas Oliveira, 13 anos, que
já aprendeu a tocar triângulo. No violão,
José Marcos já executa com jeito as composições.
“Aprendi com um agricultor aposentado, seu Luís
Amâncio, que teve paciência para me ensinar”.
O instrumento de corda, ele comprou em dez parcelas e está
pagando com dificuldades.
No vocal está João Nei
Soares Chaves de Lavor, 13 anos, acompanhado por um coro formado
por 20 adolescentes. O sonho do grupo é adquirir novos
instrumentos e receber aulas de canto coral. “Todos
têm boa vontade, mas falta apoio”, disse Ana Cléia
Chaves, uma das coordenadoras. Ela acredita no potencial artístico
da garotada.
O deficiente visual, Francisco Bernardo
da Silva, 65 anos, acompanha os ensaios, dá orientação
e ensina também alguns acordes no violão. “Eles
aprendem rápido e estão indo muito bem”,
disse. O grupo já tem duas composições
próprias, “namoro no escuro”, um xote,
e “Meu amor brigou comigo”, baião.
APOIO — As coordenadoras
de cultura, Gardevânia Farias e Patrícia Vênus,
da Secretaria de Cultura do Município de Iguatu estiveram
visitando a comunidade e acompanhando um dos ensaios do grupo,
com o objetivo de ver as carências e estudar uma forma
de apoiar o projeto musical dos adolescentes. Dona Vanda,
a mãe do Ribamar, apoia a iniciativa do grupo. Catequista
e coordenadora de movimento religioso, abriu as portas da
capela de São Francisco, na comunidade, onde o conjunto
anima as celebrações de novena e Dia do Senhor.
As informações
são do jornal Diário do Nordeste, de Fortaleza
- CE. |