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Determinação, essa
é a palavra adotada por Maria José Teixeira,
artesã e presidente da Associação das
mulheres do Patrimônio Selva, que fica a 12 km da cidade
de Londrina. Ela, que estava debilitada até alguns
anos atrás; sofrendo com problema de circulação
e que conseqüentemente lhe rendeu depressão, por
sentir-se incapaz, encontrou na fibra de bananeira o caminho
para cura desse problema de saúde e para a melhoria
da renda familiar.
Ela faz parte de uma fatia significativa
de brasileiros, que não se acomodam aguardando ajuda
do governo, reclamando que as coisas estão difíceis.
Maria tomou partido e enfrentou as dificuldades.
Em 2000, ela participou de um curso,
em Curitiba, onde aprendeu a confeccionar artesanatos feitos
com a fibra da bananeira. A auto-estima, sentimento indispensável
para crescimento moral do ser humano, começa a revelar
o talento de Maria que desenvolveu alguns produtos através
da fibra de bananeira.
Um fato que com certeza ficará gravado em sua memória
foi quando ela entregou pessoalmente, dentro do Aeroporto
Internacional de Londrina, uma bolsa feita da fibra, para
Marisa da Silva, esposa do presidente Lula. “Eu consegui
apresentar meu trabalho para o nosso presidente e sua esposa,
e sei que ela sempre usa a bolsa, isso me deixa muito feliz”,
comemora Maria.
Segundo ela, a criatividade é
sua grande característica, já que desenvolveu
vários produtos extraídos da fibra como; tapetes,
cadeiras, molduras para espelho e peças para decoração.
Esse ano, com apoio da Empresa Paranaense de Extensão
Rural (EMATER) ela apresentou duas novidades, na 45ª
Exposição Agropecuária e Industrial de
Londrina, que aconteceu de 7 a 17 de abril: o cachipô
que é um suporte para vasos e o papel de fibra que
pode ser usado para fazer decorações ou para
que seja impresso neles; certificados e cartões ou
quem sabe trabalhos para quem desejar inovar.
Para a produção do papel e necessário
deixar a fibra cozinhar por duas horas, depois de cozida e
batida no liquidificador ate ficar cremosa a massa e, então
despeja-se numa forma feita de nailon. Segundo Maria, a textura
do papel é produzida conforme a quantidade de fibra
que e utilizada.
Mais de 30 famílias, dos distritos
vizinhos, já participam com ela, na fabricação
desses produtos, cujo armazenamento seria realizado em uma
estufa, pois aceleraria o processo de secagem e aumentaria
a produção, dando uma perspectiva de um ganho
maior. Porém, Maria aguarda que seja concretizada a
promessa do vice-governador, Orlando Pessuti, que em visita
ao seu stand, garantiu a instalação da estufa
em seu sitio.
De acordo com a artesã, existem em sua propriedade
mais de 500 pés de bananeira, mas conforme ela, esse
número se torna insuficiente, já que cresceram
as encomendas para a região de Londrina e até
para São Paulo.
O esposo de Maria, Vicente Lopes,
por exemplo esta com dificuldades de fabricar um tapete de
1,25 por 3,20 para enviar para a capital paulista, pois nos
últimos dias o sol não tem aparecido e isso
dificulta a secagem.
A banana é uma fruta muito conhecida, mesmo quando
falamos de um ponto de vista internacional. O que pouca gente
sabe é que da bananeira, além do fruto, resultam
cinco fibras diferentes, desde uma mais áspera, mais
rudes até outra de textura mais fina.
"É preciso conhecer do
assunto para escolher o material correto”, explica a
artesã. Em 15 minutos o tronco da bananeira é
transformado em fibra e depois começa o processo de
protegê-lo contra fungos e a secagem. O processo completo
leva mais de três dias e depois é que tem início
o trabalho de artesanato.
Uma necessidade básica seria a construção
de um espaço para realização desse trabalho,
pois segundo ela, os artefatos são feitos em baixo
de pés de pêssego e de laranja.
O Engenheiro Agrônomo Gervásio
Viera, da EMATER, comentou que é muito importante incentivar
pequenos agricultores artesãos como Maria, para que
continuem criando novos produtos. “Quem inova, está
sempre à frente. A valorização das fibras
naturais é um processo muito importante no sentido
de que agrega valor a um produto da terra”, ressalta.
Para Maria, a contribuição para com a sua comunidade
é prioridade, no sentido de formar novos artesãos
e capacita-los para que possam estar aptos a criarem seus
produtos sozinhos. “Eu aprendi a fazer esses produtos,
mas seria egoísmo não dividir com outras pessoas”,
afirma Maria.
Uma de suas intenções
está relacionado com a inibição de não
deixar as pessoas migrarem para a cidade, já, que para
ela, a maioria não consegue se estabilizar. “Meu
trabalho é impedir o êxodo rural. Muitas pessoas
saem daqui e acabam se dando mal na cidade”, avisa.
Um vídeo contando a história de Maria foi produzido
por uma equipe de americanos retratando as dificuldades enfrentadas
por ela e por outras mulheres pelo mundo. A superação
diante do estado acamado que ela se encontrava. Hoje, ela
pode não estar acumulando grandes valores financeiros,
mas seu sorriso confirma parcialmente o sentimento de alivio.
Serviço:
Associação das
mulheres do Patrimônio Selva
Presidente Maria Jose Teixeira
Fone: (43) 9126-4106
CRISTIANO SILVA
do jornal Laboratório ComTexto( criado pelos alunos
da Universidade do Norte do Paraná)
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