O Carnaval
do Rio movimenta em torno de R$ 1 bilhão por ano e gera 300
mil postos de trabalho, considerando serviços, turismo e desfiles.
Boa parte dessa cifra, entretanto, é direcionada para as indústrias
paulistas, responsáveis pelo fornecimento de cerca de 80%
das matérias-primas que enfeitam foliões e alegorias do carnaval
fluminense.
Os dados são a primeira parte de um
estudo do Sebrae/RJ, em parceria com a Associação Comercial
do Rio de Janeiro. A intenção é mapear a cadeia produtiva
do carnaval para identificar oportunidades de atuação dos
empresários fluminenses, pouco articulados, segundo o coordenador
da pesquisa, Luiz Carlos Prestes Filho.
Desarticulação
"O que mais impede a presença dos produtos industriais do
Rio de Janeiro dentro das escolas de samba é a desarticulação
que ainda existe no setor industrial. Muitos empresários não
têm noção de que o carnaval é uma grande oportunidade para
a indústria de plásticos, borracha e tintas e, por isso, não
identificam o Carnaval como um grande mercado", afirmou Prestes
Filho. Somente em relação aos desfiles das escolas do grupo
especial, produto-âncora do carnaval do Rio, são R$ 100 milhões
em compras de tecidos, plásticos, tintas, metais, papéis e
outras matérias-primas.
Prestes Filho ressalta, entretanto,
que além dos desfiles das principais escolas de samba, há
outras 50 escolas nos grupos de acesso, bailes, blocos, bandas
e demais eventos, que compram insumos e geram empregos para,
por exemplo, modeladores, costureiros, bordadeiros e chapeleiros,
entre outros. "Isso sem falar nas atividades indiretas do
Carnaval, como venda de cervejas", disse.
A previsão é que o estudo fique pronto
entre seis e oito meses. Com os resultados, a estimativa é
que o valor movimentado pela festa cresça 20%. Segundo Prestes
Filho, empresas do pólo petroquímico do Rio poderiam lucrar
com o evento, destinando parte da produção de plásticos para
o carnaval.
O pesquisador e diretor cultural da
Portela, Carlos Monte, afirmou que o estudo visa a melhorar
também o modo como os recursos são utilizados.
"Os trabalhos nos barracões começam
apenas no segundo semestre, mas poderiam ocorrer desde o início
do ano. E não há treinamento para essa mão-de-obra", disse
ele.
LUCIANA BRAFMAN
da Folha de S.Paulo
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