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Reformulada,
ocupação de áreas mais violentas da capital
pela Operação Saturação vai virar
modelo para o Estado
A Operação Saturação,
ocupação de áreas violentas de São
Paulo por tropas especiais da polícia por períodos
que variam de 60 a 90 dias, vai ganhar roupagem social e servirá
de modelo para o principal programa de segurança do
governo do Estado. Anteriormente, a iniciativa, que servia
para demonstrar aos criminosos que não existem lugares
onde o Estado não entra, era vista com reserva por
grupos de direitos humanos.
Amanhã, o governador José
Serra (PSDB) vai ao Elisa Maria, na zona norte de São
Paulo, bairro há dois meses ocupado por 600 policiais,
para anunciar a chamada Virada Social, que terá sua
largada com a saída das tropas. A proposta é
realizar uma série de investimentos sociais na região.
“O projeto no Elisa Maria vai servir como um laboratório
para outros lugares do Estado. Garantir segurança pública
também é uma ação social. Mas,
depois que a polícia deixa o local, é preciso
que o Estado continue a mostrar presença, para que
o crime organizado não preencha esse espaço
com assistencialismo”, diz o secretário da Segurança
Pública, Ronaldo Marzagão, principal entusiasta
da idéia.
Na tarde de ontem, o secretário
esteve no bairro pela segunda vez em apenas uma semana, para
apresentar o programa ao ex-prefeito de Bogotá Antanas
Mockus, em visita ao Brasil, e ao secretário de Defesa
Social de Minas, Maurício de Oliveira Campos Junior.
Mockus ainda se impressionou com a grande quantidade de policiais
no local. “É preciso que o governo saiba trabalhar
também com a articulação da comunidade
e em conversas com as famílias, para aumentar as chances
de sucesso”, aconselhou.
A escolha do Elisa Maria para ser
o laboratório do programa ocorreu no começo
do ano, depois de duas chacinas que deixaram nove mortos.
O bairro vinha sendo alvo desde janeiro
de um programa social que a Prefeitura desenvolve em parceria
com a ONG Sou da Paz. Conversando com moradores, a organização
não-governamental ajudou na articulação
do Estado.
A antropóloga Beatriz Graeff,
assessora de Marzagão, começou a desenvolver
o projeto Saturação ali, em parceria com outras
secretarias. O secretário levou a proposta para o governador,
que abraçou a idéia, designando o secretário
Rogério Amato, de Assistência e Desenvolvimento
Social, para coordenar os investimentos das demais áreas
de governo.
A ONG Sou da Paz e a Prefeitura serão
parceiras do governo. “Se não entrarmos lá
agora, a situação volta a ser pior do que era”,
diz Amato. O anúncio da Virada Social no sábado,
organizado pela própria polícia, inclui apresentação
de bandas locais, cortes de cabelo, oficinas de percussão,
de grafite e tai chi chuan, além de um show com Leci
Brandão no domingo.
Bruno Paes Manso
O Estado de S.Paulo. | |
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