O
parque Ibirapuera, o mais freqüentado de São Paulo,
deve ganhar um museu suspenso no segundo semestre deste ano.
O novo local abrigará 30 obras doadas pelo artista
polonês naturalizado brasileiro Frans Krajcberg, cujo
trabalho denuncia a destruição ambiental.
Ele usa em suas esculturas restos de natureza, como árvores
queimadas e troncos. O Pavilhão Krajcberg (pronuncia-se
crájberg) aproveitará a estrutura de uma serraria
desativada. No local, será erguido um mezanino de 625
m2 que terá paredes de vidro com uma película
especial para impedir o choque dos pássaros.
"Optamos por uma estrutura transparente que não
conflite com a imagem do parque", diz o arquiteto José
Rollemberg de Mello Filho, autor do projeto, da Secretaria
Municipal da Cultura. A obra está orçada em
R$ 2,5 milhões. No local, serão feitas ainda
duas salas para projeção de vídeos, exposição
de quadros e fotografias.
O acesso ao pavilhão deve ocupar só 120 m2 do
térreo da serraria. A maior parte da área ficará
livre para os freqüentadores do parque, como os que praticam
tai chi chuan no local.
No mezanino, haverá recursos cenotécnicos que
simularão o som do crepitar do fogo e o cheiro de fumaça
-que remetem à destruição das florestas.
Para o artista, é uma forma de conscientizar as pessoas
da necessidade da preservação.
Obras
A previsão é que as obras comecem em agosto
e durem quatro meses, mas falta aprovação dos
órgãos do patrimônio -o parque é
tombado. O Conpresp (conselho municipal) é favorável
ao pavilhão, mas falta oficializar a decisão,
segundo a Secretaria da Cultura, ao qual o conselho é
ligado.
O Condephaat (conselho estadual do patrimônio) ainda
fará a análise. Rollemberg diz acreditar que
não haverá restrições. "A
intervenção será feita em uma construção
existente."
Alguns membros do conselho gestor do parque são contra
a idéia. "A área da serraria é para
ser contemplativa. Um museu gerará maior fluxo de pessoas.
Ainda há o problema de os vidros serem assassinos de
pássaros", diz o secretário do conselho
Otávio Villares de Freitas. Ele estuda entrar com uma
ação contra a iniciativa.
Patrizia Coelho, que representa o Movimento Defenda São
Paulo, também é contra. "O plano diretor
do parque determina uma área de cultura e outra de
lazer. A da serraria não deve abrigar eventos fixos."
Para a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, se for resolvido
o problema da colisão de pássaros contra o vidro,
o projeto pode ser posto em prática.
Luísa
Brito
As informações são
da Folha Online.
Escultor
reconhecido internacionalmente doa parte de suas obras para
São Paulo
Arte
em preservação a natureza pode ser impedida
de ficar no Parque do Ibirapuera
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