REFLEXÃO


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pensata
23/07/2008

Ficha suja está suja

Não há o menor problema na divulgação da lista de processos que envolvem os candidatos, acionados pelo Ministério Público. Muito pelo contrário: o eleitor tem o direito de saber sobre a vida dos candidatos, a começar de suas pendências jurídicas. É ótimo para a transparência política e, mais ainda, para o cuidado com os recursos públicos. O problema é que, como foi colocada (e a mídia tem uma dose de culpa), a ficha suja nasce suja.

Quando se fala em ficha suja a suposição óbvia é de que quem está ali já está culpado. Ou seja, está sujo. E, claro, isso não é necessariamente verdade. É como se todos aqueles políticos fossem criminosos --e, pior, tivessem cometidos crimes semelhantes, na visão do cidadão. A visão geral é a de que todo político é ladrão, ainda mais se forem colocados numa lista feita por juízes.

Na prática é como se o indiciamento já fosse a sentença final --é, enfim, como se já tivessem sido condenados sem julgamento final. Duvido que qualquer magistrado, por mais desequilibrado, defenda a idéia de que alguém pode ser condenado sem julgamento. Fosse assim, nem haveria necessidade de juízes.

Do jeito como está colocado, um bom serviço à democracia --a divulgação da vida do candidato-- mais pode confundir do que esclarecer, colocando num mesmo saco gente séria e larápios.

Coluna originalmente publicada na Folha Online, editoria Pensata.

   
   
 
 

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