Não
há o menor problema na divulgação da
lista de processos que envolvem os candidatos, acionados pelo
Ministério Público. Muito pelo contrário:
o eleitor tem o direito de saber sobre a vida dos candidatos,
a começar de suas pendências jurídicas.
É ótimo para a transparência política
e, mais ainda, para o cuidado com os recursos públicos.
O problema é que, como foi colocada (e a mídia
tem uma dose de culpa), a ficha suja nasce suja.
Quando se fala em ficha suja a suposição óbvia
é de que quem está ali já está
culpado. Ou seja, está sujo. E, claro, isso não
é necessariamente verdade. É como se todos aqueles
políticos fossem criminosos --e, pior, tivessem cometidos
crimes semelhantes, na visão do cidadão. A visão
geral é a de que todo político é ladrão,
ainda mais se forem colocados numa lista feita por juízes.
Na prática é como se o indiciamento já
fosse a sentença final --é, enfim, como se já
tivessem sido condenados sem julgamento final. Duvido que
qualquer magistrado, por mais desequilibrado, defenda a idéia
de que alguém pode ser condenado sem julgamento. Fosse
assim, nem haveria necessidade de juízes.
Do jeito como está colocado, um bom serviço
à democracia --a divulgação da vida do
candidato-- mais pode confundir do que esclarecer, colocando
num mesmo saco gente séria e larápios.
Coluna originalmente
publicada na Folha Online, editoria Pensata.
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