Vivian
Lobato
Aproximar os pais do processo educativo de seus filhos,
integrar a escola com a comunidade e diminuir o índice
de retenção escolar. Esses são os principais
objetivos da Pedagoga Comunitária, principal agente
do Programa de Educação Comunitária,
projeto desenvolvido pela Secretária Municipal da Praia
Grande (SP).
O programa teve início no segundo semestre de 2005
na cidade do litoral sul do estado. O foco do projeto era
fazer da escola um espaço educativo, estabelecendo
um elo entre família, escola e comunidade. Para isso
foi utilizado o conceito Bairro-Escola, difundido pela organização
não-governamental (ONG) Associação Cidade
Escola Aprendiz, instituição que capacitou durante
seis meses as professoras do município.
Segundo a secretária da educação da
cidade Maura Lígia Costa Russo, a idéia do Bairro-Escola
mostrou que seria necessário buscar um agente comunitário
para realizar a ação. Foram escolhidas as professoras
para atuarem nessa orientação, pois tinham o
perfil mais próximo para agir com a escola e com a
comunidade. Foi dessa escolha que surgiram as Pedagogas Comunitárias.
Pedagogas comunitárias em ação
Uma pesquisa realizada no município mostrou
que as crianças que não tinham a participação
dos pais no processo escolar, acabavam apresentando um pior
rendimento e um alto índice de retenção.
Pensando em reverter esse resultado as Pedagogas Comunitárias
se dividiram em setores de atuação comunitária,
categorização feita por bairros, e iniciaram
o processo de integração família, escola
e comunidade.
O processo conta com atividades que possibilitam a interação
de pais, alunos e comunidade, por meio de atendimento na própria
escola e monitoramento por parte dos professores, com anotações
do rendimento de cada aluno. No caso dos pais que não
aparecem na escola, as pedagogas visitam a casa dos alunos
para conversarem com as famílias.
Segundo a pedagoga comunitária Elaine dos Santos,
muitos pais dizem que não acompanham o rendimento dos
filhos porque não sabem, ou porque não conseguem
explicar o conteúdo dado na escola. Mas, para a pedagoga,
o importante é estar junto e incentivar. “É
claro que os pais podem influenciar o rendimento. É
preciso que as pessoas se conscientizem do seu próprio
valor como seres humanos”, completa.
A atuação das pedagogas comunitárias
já vem mostrando resultados. Em 2007, o projeto obteve
um aumento de 23% da participação dos pais nas
reuniões escolares e uma redução de 9%
na retenção. Por meio do projeto “Pais
presentes, filhos contentes”, a pedagoga comunitária
Melissa Paes de Barros conseguiu retrair o índice de
retenção. “Na Escola Municipal Isabel
Figueroa conseguimos reduzir o número de retenção
de 24% para 9%. Estamos muitos felizes. Conseguimos mostrar
para os pais que eles são capazes e podem influenciar
muito o rendimento escolar de seus filhos”.
Outro projeto instaurado pelas pedagogas foi o “Melhoria
da Qualidade de Vida da População para Melhorar
a Qualidade da Educação”. Focado em um
bairro periférico que sofre com problemas de desnutrição,
as pedagogas ensinaram a comunidade como aproveitar ao máximo
os alimentos, além de hábitos de saúde
que melhoram a qualidade de vida.
As pedagogas comunitárias também realizaram
um trabalho de reciclagem e conscientização
do uso do lixo. O “Luxo lixo” foi uma forma de
reutilizar os resíduos, revertendo a venda do material
reciclado em renda para algumas famílias. Esse projeto
também agregou a comunidade local e agora faz parte
do projeto político pedagógico, no qual a teoria
tem uma ligação direta com a prática.
Hoje, o projeto abrange 57 escolas em 32 bairros, contando
com a atuação de 23 pedagogas comunitárias.
Segundo Ana Paula, responsável pelas pedagogas comunitárias,
o importante é conscientizar todas as escolas da importância
da comunidade e da articulação local. “O
foco do projeto esse ano será: aumento de notas no
Ensino Fundamental e saúde básica para o Infantil,
além do trabalho de diminuição da retenção
escolar”, completa.
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