Para
Maria Kuriki, da Secretaria da Educação, Enem
mostra que não há discriminação
contra os colégios da periferia de SP
Ao avaliar nota das escolas estaduais de SP, professora
sustenta que desempenho paulista no Enem esteve acima da média
do país
"É um ponto bastante positivo. Mostra que todas
as escolas recebem um mesmo encaminhamento da Secretaria de
Educação, que não há discriminação
contra escolas de áreas periféricas, que o tratamento
é igual para todas."
Este foi o comentário da professora Maria Aparecida
Kuriki, 52, coordenadora da Cenp, Coordenadoria de Estudos
e Normas Pedagógicas da Secretaria da Educação
do Estado de São Paulo, ao ser perguntada sobre o que
achava de o resultado do Enem mostrar uma indiferenciação
de resultados entre as escolas de bairros centrais e as da
periferia.
A professora citou a média geral nacional do Enem,
que foi de 40,075 pontos, e comparou-a à média
geral do Estado de São Paulo, que foi de 40,372 pontos
(incluindo escolas estaduais, municipais e privadas), para
dizer que o desempenho paulista "esteve acima do restante
do país".
Quando perguntada como avalia a média das escolas estaduais
na cidade de São Paulo (excluindo-se as escolas técnicas
estaduais e o colégio de aplicação),
que é de 38,42, a professora disse que cabe a cada
escola, segundo a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação,
elaborar políticas para avançar no desempenho
de seus alunos.
A professora diz acreditar que o fato de escolas da periferia
e de áreas mais próximas do centro da cidade
terem tido resultados semelhantes no Enem pode ser decorrente
de "uma grande parte dos alunos que estudam em escolas
de bairros centrais ser composta por moradores de bairros
da periferia que estudam próximo ao local de trabalho".
A coordenadora da Cenp não estranha o fato de o Colégio
Rodrigues Alves, em plena avenida Paulista, por exemplo, ter
desempenho escolar mais baixo do que escolas da periferia
remota da cidade. "A gente acaba caindo sempre no mesmo
fator. A orientação, a capacitação,
os meios, os recursos disponibilizados para ela são
tais e quais os das outras escolas. A política é
a mesma de todas as outras escolas. Eles têm acesso
às mesmas tecnologias. Por que deveriam ser diferentes?"
Segundo Kuriki, não há pouca aula nas escolas
públicas. "A rede pública estadual está
oferecendo 30 horas-aula semanais, seis horas-aula em um total
de cinco horas-relógio (no noturno são quatro
horas-relógio). É uma carga horária elevada.
A carga horária não é problema. Foi ampliada
em 2005 de 25 horas semanais para 30."
Ela disse que a Secretaria de Educação não
dispõe de dados consolidados sobre faltas de professores,
mas garantiu que cada escola possui esses registros e controla
a freqüência.
Sobre as críticas do professor Demerval Saviani à
forma como foi implantada a progressão continuada,
Kuriki disse: "Para nós, está claro que
as vantagens da progressão continuada superam em muito
a situação anterior. Tem uma produtividade muito
considerada, no sentido de manter o aluno na escola e de conseguir
o progresso dele".
Laura Capriglione
Folha de S.Paulo
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