Estudante
da 4ª série que teve trabalho analisado pelo professor
obteve 40,9 pontos a mais que os outros em língua portuguesa
Questionários respondidos pelos educadores mostram
que 85,7% corrigem as lições; 5,2% não
o fazem e 7,8% nem dão lição
A análise do resultado do Saresp mostrou que uma atitude
relativamente simples pode ter grande impacto no desempenho
dos estudantes. Os alunos que tiveram a lição
corrigida pelos professores alcançaram notas maiores
que os demais.
Na 4ª série do ensino fundamental, aqueles que
tiveram os trabalhos analisados pelos professores asseguraram
40,9 pontos a mais que os outros em língua portuguesa
(190,7 contra 149,8).
Os questionários respondidos pelos educadores mostram
que 85,7% dos professores corrigem as lições;
5,2% não o fazem e 7,8% nem dão lição.
Na opinião da secretária da Educação,
Maria Helena Guimarães de Castro, o dado é importante
porque mostra que ações realizadas pela escola
podem fazer a diferença.
"Muitos insistem apenas nas condições socioeconômicas
dos alunos para explicar as diferenças nas notas. Mas
as escolas podem superar isso", afirmou Maria Helena.
Para ela, as diferenças socioeconômicas são
apenas um dos fatores que influenciam no desempenho dos estudantes.
No entanto a cidade de São Paulo é um exemplo
do peso dos indicadores sociais na aprendizagem.
Guaianases, Cidade Tiradentes e São Mateus, bairros
no extremo leste de São Paulo, regiões com alguns
dos piores indicadores sociais da cidade, tiveram também
o pior desempenho no Saresp 2007. Já os melhores resultados
apareceram na zona oeste, área nobre da capital paulista.
Na diretoria de ensino Leste 3, uma das 13 da cidade e que
abrange a região, as médias obtidas pelos alunos
no exame do ano passado são inferiores à média
estadual para a 8ª série do ensino fundamental
e para o 3º ano do ensino médio em língua
portuguesa. Em matemática, a média é
menor também que a obtida pelas escolas estaduais do
país no Saeb (Sistema de Avaliação da
Educação Básica) de 2005.
Um exemplo: a diretoria Leste 3 obteve média de 219,8
em matemática da 8ª série do fundamental.
A média nacional de 2005 foi de 232,9.
Na zona oeste, que inclui bairros como Morumbi, Pinheiros,
Butantã e Lapa, a situação é diferente.
O Mapa dos Direitos Humanos aponta que os indicadores sociais
da região são satisfatórios. Os números
do Saresp corroboram.
A diretoria Centro-Oeste obteve os melhores desempenhos da
cidade de São Paulo para as disciplinas de língua
portuguesa e matemática na 8ª série do
fundamental e no 3º ano do ensino médio, com resultados
sempre superiores às médias estadual e nacional.
Interior
O desempenho do interior do Estado no exame é superior
ao da Grande São Paulo. Em língua portuguesa,
a diferença de pontos entre as médias dos alunos
do interior e da Grande São Paulo varia de 6,8 (3ª
série do ensino médio) a 12,8 (8ª do fundamental).
Em matemática, a variação é de
7,4 (6ª série do fundamental) a 11,2 (8ª
do fundamental).
A secretária de Educação disse que essa
diferença, embora significativa quando se considera
a nota média obtida na prova, não é muito
importante porque há séries em que, na Grande
São Paulo, há uma proporção maior
de alunos em nível adequado de aprendizagem.
Fábio Takahashi
Evandro Spinelli
Folha de S.Paulo
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