O
volume de ecstasy apreendido no Brasil teve um aumento de
1.713% no ano passado -passou de 12 mil unidades em 2006 para
211 mil comprimidos da droga em 2007.
Somente em São Paulo foram 60 kg (aproximadamente 224.300
comprimidos) em 2007, ante 8,3 kg (cerca da 33.750 unidades)
no ano anterior, mais de 600% de acréscimo nas apreensões.
De acordo com a Polícia Federal, cresceu também
a participação de jovens de alto poder aquisitivo
no transporte da droga. Um agente da PF em São Paulo,
que pediu para não ter seu nome publicado pela reportagem,
afirma que "geralmente são praticantes de esportes
radicais, fluentes em inglês".
Segundo ele, os envolvidos normalmente são usuários
que foram recrutados em festas ou que resolveram fazer um
investimento próprio buscando a droga no exterior para
revender aos amigos no Brasil.
Longe do estereótipo do tráfico em favelas,
a venda de ecstasy e LSD (ácido lisérgico) ocorre
em um ambiente familiar aos jovens de alto poder aquisitivo
e é vista por muita gente como uma espécie de
ação entre amigos -que não consideram
que quem vende a droga seja um traficante.
Demanda
Comercializado na forma de comprimidos, o ecstasy, denominação
da droga sintética metanfetamina (MDMA), tem ascendido
no ranking de apreensões da polícia por vários
motivos, de acordo com a avaliação do departamento
de repressão a entorpecentes da Polícia Federal,
o CGPRE (Coordenação Geral de Polícia
de Repressão a Entorpecentes).
Um deles é que sua demanda aumentou com a disseminação
das raves - festas ao ar livre, de longa duração
e com música eletrônica. Outro fator é
a própria lei de mercado.
"O narcotráfico tem um caráter empresarial
e dá preferência ao produto mais lucrativo do
momento, e o ecstasy hoje está na moda", afirmou
Marcello Diniz Cordeiro, que é chefe do CGPRE.
Moeda
Uma outra razão para o crescimento das apreensões
pela polícia é que o fluxo do tráfico
passou por uma inversão.
Se antes o Brasil representava uma escala no escoamento de
cocaína rumo aos Estados Unidos e à Europa,
atualmente ele passou a ser também destino de drogas
sintéticas produzidas em países europeus.
A cocaína que sai do Brasil hoje em dia está
sendo usada como uma moeda para pagamento na compra de ecstasy
na Europa. A mula [pessoa que transporta] leva cocaína
do país e volta trazendo ecstasy, conforme relata um
agente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, que também
pediu para não ser identificado pela reportagem.
DENISE BRITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA |