Diretor
do maior entreposto da América Latina (Ceagesp), Francisco
Cajueiro acredita que a troca de poder não pode impedir
uma união entre os governos para abastecimento mais
inteligente. Abaixo mais trechos da entrevista.
Logística
“A ausência do planejamento estratégico
numa cidade como São Paulo é uma questão
de extremo risco para o processo de segurança alimentar
no sentido de abastecer uma região metropolitana com
mais de 16 milhões de habitantes. O Ceagesp, com seus
4 mil comerciantes instalados, não mantém com
a cidade qualquer tipo de relacionamento estratégico
voltado para o abastecimento. As pessoas comem, os comerciantes
vendem e não existe uma visão coletiva.”
Mudança do entreposto
“A maior pressão hoje é do mercado imobiliário.
Um possível novo Ceagesp concentrando apenas o varejo,
por exemplo, em Itaquera, diminuiria o trânsito, reduziria
os custos e as perdas porque o manuseio das mercadorias seria
menor. Mas os comerciantes não querem sair do local,
porque eles vivem de possuir um espaço dentro do Ceagesp.
A área tem 700 mil metros quadrados, mas a comercialização
ocorre em 250 mil metros quadrados de área coberta.
Na realidade, eu precisaria ter uma infra-estrutura junto
às cidades do entorno de São Paulo. Os moradores
próximos daqui não reclamam, porque eles compram
produtos de qualidade e barato.”
***
Favorável à mudança do Ceagesp, a conselheira
municipal de política urbana representante da região
oeste, a arquiteta Lucila Lacreta ressalta que a área
não pode ficar à mercê da especulação
imobiliária.
Área de risco
“É preciso dar atenção ao subsolo
do Ceagesp por ser uma área alagadiça (encontros
dos rios Pinheiros e Tamanduateí). Esse terreno, além
de frágil, tem um lençol freático muito
aflorado, quase superficial. Caso haja o planejamento de um
futuro bairro, é preciso cuidado porque o subsolo não
suporta estacionamento de veículos.”
Nova Leopoldina
“O que tem de ser definido é um ponto estratégico
fora dessa centralidade que virou a Vila Leopoldina. O bairro
deixou de ser industrial e passou a ser residencial e prestador
de serviços. A prefeitura deve controlar e minimizar
os impactos da especulação imobiliária
através da imposição de aproveitamento
e previsão de áreas públicas coletivas.
Isso é cabível com uma boa lei de zoneamento.
Tem de haver um projeto global e de construção
harmônica.”
Centralizado
“Sai mais barato ter uma estrutura única para
tudo. É um espaço público que tem sua
utilização otimizada e máxima. Acho melhor
ter um entreposto geral e centralizado para que se utilize
melhor o espaço público.”
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