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23/09/2007

No Dia Mundial Sem Carro, São Paulo enfrenta lentidão

No Dia Mundial Sem Carro, São Paulo teve congestionamento incomum para um sábado. Quem tentou circular pelas principais vias, como Consolação e marginal Tietê, enfrentou lentidão -segundo a CET, chegou a 10 km o congestionamento na manhã. Com a ajuda do calor, o alto nível de ozônio deixou duas regiões em estado de atenção: Ibirapuera e USP.

O trânsito na região da rua 25 de Março estava complicado. À tarde, a rua Oscar Freire e a avenida Doutor Arnaldo enfrentaram congestionamentos.
O problema se repetiu nas avenidas Rebouças e Pacaembu, na zona oeste, e Rubem Berta, na zona sul. Nas vias Amaral Gurgel e São João, no centro, o trânsito assustou as pessoas. Com o Minhocão fechado, eram a única alternativa para quem foi surpreendido.

"Não sabia que iria fechar", disse o taxista Marcelo Silva, 33. "Sábado é movimentado, muitos trabalham, compram. O Dia Sem Carro não pegou."
A reportagem circulou pelas zonas sul, oeste, central e norte de manhã e à tarde e quase não encontrou paulistanos que deixaram o carro na garagem. Mesmo quem o fez reclamou.

O engenheiro Guilherme Britto, 39, transferiu sua corrida matinal da USP para o parque Ibirapuera para não usar carro. "Corri 3 km até o parque. Observei como o paulistano, dentro e fora do carro, não respeita a faixa de pedestre. É uma atitude desagradável e perigosa."

O passeio ciclístico das 9h, com saída do Ibirapuera, teve poucos participantes. À tarde, a bicicletada na Paulista reuniu mais pessoas. Em frente ao Conjunto Nacional, houve aulas públicas sobre mobilidade urbana, com pouca adesão.
No largo da Concórdia, no centro, um motorista que admitiu à polícia estar embriagado atropelou oito mulheres de manhã. Nenhuma vítima corria risco de morte.

Para Oded Grajew, do Movimento Nossa São Paulo (organizador do evento), a expectativa foi superada. Não há ainda um balanço da adesão -será feita uma pesquisa do Ibope.

Ele ressalta que o importante não era apenas as pessoas deixarem o carro em casa, mas trazer a discussão sobre o excesso de veículos para a sociedade.
"A idéia é provocar uma pressão para ter outras alternativas de transporte, mostrar as deficiências do transporte público e, agora, sugerir ao governo aumento de ciclovias e fechamento de ruas aos domingos."

O secretário do Verde e do Meio Ambiente, Eduardo Jorge, disse que houve avanço. "Em 2005, só eu, o prefeito [na época José Serra] e os secretários aderimos. No ano passado, a Câmara também participou. E, neste ano, mais de 200 entidades se mobilizaram, houve também a Virada Esportiva", disse. Segundo ele, é necessário ter noção de que é um processo. "É uma mudança cultural."

Daniela Tófoli, Afra Balazina, PH Rodrigues, Rafael Targino e Gilmar Penteado
Folha de S.Paulo.