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Dia Mundial Sem Carro, São Paulo teve congestionamento
incomum para um sábado. Quem tentou circular pelas
principais vias, como Consolação e marginal
Tietê, enfrentou lentidão -segundo a CET, chegou
a 10 km o congestionamento na manhã. Com a ajuda do
calor, o alto nível de ozônio deixou duas regiões
em estado de atenção: Ibirapuera e USP.
O trânsito na região da rua 25 de Março
estava complicado. À tarde, a rua Oscar Freire e a
avenida Doutor Arnaldo enfrentaram congestionamentos.
O problema se repetiu nas avenidas Rebouças e Pacaembu,
na zona oeste, e Rubem Berta, na zona sul. Nas vias Amaral
Gurgel e São João, no centro, o trânsito
assustou as pessoas. Com o Minhocão fechado, eram a
única alternativa para quem foi surpreendido.
"Não sabia que iria fechar", disse o taxista
Marcelo Silva, 33. "Sábado é movimentado,
muitos trabalham, compram. O Dia Sem Carro não pegou."
A reportagem circulou pelas zonas sul, oeste, central e norte
de manhã e à tarde e quase não encontrou
paulistanos que deixaram o carro na garagem. Mesmo quem o
fez reclamou.
O engenheiro Guilherme Britto, 39, transferiu sua corrida
matinal da USP para o parque Ibirapuera para não usar
carro. "Corri 3 km até o parque. Observei como
o paulistano, dentro e fora do carro, não respeita
a faixa de pedestre. É uma atitude desagradável
e perigosa."
O passeio ciclístico das 9h, com saída do Ibirapuera,
teve poucos participantes. À tarde, a bicicletada na
Paulista reuniu mais pessoas. Em frente ao Conjunto Nacional,
houve aulas públicas sobre mobilidade urbana, com pouca
adesão.
No largo da Concórdia, no centro, um motorista que
admitiu à polícia estar embriagado atropelou
oito mulheres de manhã. Nenhuma vítima corria
risco de morte.
Para Oded Grajew, do Movimento Nossa São Paulo (organizador
do evento), a expectativa foi superada. Não há
ainda um balanço da adesão -será feita
uma pesquisa do Ibope.
Ele ressalta que o importante não era apenas as pessoas
deixarem o carro em casa, mas trazer a discussão sobre
o excesso de veículos para a sociedade.
"A idéia é provocar uma pressão
para ter outras alternativas de transporte, mostrar as deficiências
do transporte público e, agora, sugerir ao governo
aumento de ciclovias e fechamento de ruas aos domingos."
O secretário do Verde e do Meio Ambiente, Eduardo Jorge,
disse que houve avanço. "Em 2005, só eu,
o prefeito [na época José Serra] e os secretários
aderimos. No ano passado, a Câmara também participou.
E, neste ano, mais de 200 entidades se mobilizaram, houve
também a Virada Esportiva", disse. Segundo ele,
é necessário ter noção de que
é um processo. "É uma mudança cultural."
Daniela Tófoli,
Afra Balazina, PH Rodrigues, Rafael Targino e Gilmar Penteado
Folha de S.Paulo.
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